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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

136 anos do Diário de Notícias do Funchal


O diário de Notícias do Funchal celebra hoje 136 anos de existência. Um matutino fundado por um Cónego, Alfredo César de Oliveira. Para a Igreja da Madeira este facto não deveria ser um elemento de somenos importância, mas pelo contrário, um orgulho e um exemplo.
Um orgulho, porque se descobrem pessoas ligadas à Igreja que sempre colocaram o seu saber e a sua sensibilidade ao serviço da comunicação social. Este facto não deveria se esquecido e salientado ao máximo como caminho a seguir.
Um exemplo, para que a alguma Igreja nos nossos tempos não nutrisse tanto menosprezo pela comunicação social e que aquilo que temos por aí chamado de comunicação social ligado ainda à Igreja Católica da Madeira não passasse de uma singela brincadeira ao pé destes monumentos que nos lega o passado. Então temos, um rol de anúncios, álbuns de fotografias e pobres ecos de um pensamento único.
 Os homens da Igreja da Madeira que no passado se entregaram à comunicação social com espírito aberto ao mundo e conscientes de que o anúncio do Evangelho se faz sobre os telhados e que para tal a comunicação social tem um papel muito importante, devem dar voltas no túmulo perante o que temos hoje.
Por isso, quando vemos hoje pessoas que menosprezam ou desprezam com tamanha ingenuidade o trabalho e o serviço dos meios de comunicação social, provoca-nos um profundo incómodo e tristeza. Esta atitude é uma traição às grandes figuras do passado que sem abdicar da sua fé, mas em nome dela, se empenharam e sofreram, fazendo das tripas coração para levar a diante projectos de comunicação social que fizessem este trabalho imprescindível do direito de informar e de ser informado. A dor é grande quando vemos que a nossa Igreja não sabe actualmente fazer este serviço e vive subjugada a manobras de poderes que nada têm em conta o serviço do Evangelho e o bem comum.
Não digo que o Diário de Notícias do Funchal actualmente se preste a estar ao serviço da Igreja Católica, não pode ser assim, nem se deseja que fosse isso que acontecesse, mas podia a Igreja ter a preocupação em promover pessoas que nos diversos meios de informação, de alguma forma, contribuíssem para o anúncio da verdade e dessem testemunho da sua fé e da sua esperança cristãs. Não quero com isto dizer que esta realidade não acontece já com imensos agentes de comunicação social, que cheios de boa vontade dão esse testemunho, mas podia ser melhor e a Igreja Católica devia ver-se representada em muitas mulheres e homens que fazem este trabalho da comunicação social entre nós e contarem com o apoio e incentivo da instituição Igreja Católica. Isto não acontece, porque se canalizam as energias para outros interesses e por isso não se estabelece nenhum diálogo, não se aposta numa pastoral que tivesse em conta todas as formas de comunicação que o mundo actual nos oferece. Há uma falha em toda a linha neste domínio. Uma, por causa do medo e, outra, por causa das prioridades que estão todas invertidas.
Mais ainda vejo com imensa pena que nos últimos anos, o tempo da Madeira nova, vários bispos, cónegos e padres se esquecessem do Evangelho e andaram/andam com alguma comunicação social ao colo, a promovê-la e nela escrevem para fazer fretes ao poder político vigente e com isso se labuzarem na gamela da fartura dos subsídios financeiros para saciar o ego de quem se alimentava de betão. Felizmente tudo isto agora vai escasseando. 
Esta pseudo-pastoral de comunicação social ligada à Igreja da Madeira nos últimos anos será uma página negra na sua história e uma traição a tantos outros que no passado lutaram por uma comunicação social isenta e ao serviço do anúncio do Evangelho. Neste domínio, destaque-se o exemplo do Cónego Alfredo César de Oliveira, entre tantos outros que se serviram da pena para comunicarem a verdade na mais firme fidelidade à dimensão profética do cristianismo. Hoje andamos a léguas desta realidade.    
Ao Diário de Notícias que hoje soma 136 anos, envio os meus sinceros parabéns e que sempre se reanime com «fôlego» sempre novo (na expressão do seu actual director). Mais desejo que a procura da verdade seja sempre o seu apanágio e que nenhuma forma de pressão o aprisione no grilhão do silêncio e da inverdade.

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