O diário de Notícias do Funchal celebra hoje 136
anos de existência. Um matutino fundado por um Cónego, Alfredo César de Oliveira.
Para a Igreja da Madeira este facto não deveria ser um elemento de somenos
importância, mas pelo contrário, um orgulho e um exemplo.
Um orgulho, porque se descobrem pessoas ligadas à
Igreja que sempre colocaram o seu saber e a sua sensibilidade ao serviço da comunicação social.
Este facto não deveria se esquecido e salientado ao máximo como caminho a
seguir.
Um exemplo, para que a alguma Igreja nos nossos tempos não
nutrisse tanto menosprezo pela comunicação social e que aquilo que temos por
aí chamado de comunicação social ligado ainda à Igreja Católica da Madeira não passasse de uma singela
brincadeira ao pé destes monumentos que nos lega o passado. Então temos, um rol de anúncios, álbuns de fotografias e pobres ecos de um
pensamento único.
Os homens da
Igreja da Madeira que no passado se entregaram à comunicação social com
espírito aberto ao mundo e conscientes de que o anúncio do Evangelho se faz
sobre os telhados e que para tal a comunicação social tem um papel muito
importante, devem dar voltas no túmulo perante o que temos hoje.
Por isso, quando vemos hoje pessoas que menosprezam
ou desprezam com tamanha ingenuidade o trabalho e o serviço dos meios de
comunicação social, provoca-nos um profundo incómodo e tristeza. Esta atitude é
uma traição às grandes figuras do passado que sem abdicar da sua fé, mas em
nome dela, se empenharam e sofreram, fazendo das tripas coração para levar a
diante projectos de comunicação social que fizessem este trabalho imprescindível
do direito de informar e de ser informado. A dor é grande quando vemos que a
nossa Igreja não sabe actualmente fazer este serviço e vive subjugada a
manobras de poderes que nada têm em conta o serviço do Evangelho e o bem comum.
Não digo que o Diário de Notícias do Funchal
actualmente se preste a estar ao serviço da Igreja Católica, não pode ser
assim, nem se deseja que fosse isso que acontecesse, mas podia a Igreja ter a
preocupação em promover pessoas que nos diversos meios de informação, de alguma
forma, contribuíssem para o anúncio da verdade e dessem testemunho da sua fé e
da sua esperança cristãs. Não quero com isto dizer que esta realidade não
acontece já com imensos agentes de comunicação social, que cheios de boa
vontade dão esse testemunho, mas podia ser melhor e a Igreja Católica devia
ver-se representada em muitas mulheres e homens que fazem este trabalho da
comunicação social entre nós e contarem com o apoio e incentivo da instituição Igreja Católica. Isto não acontece, porque se canalizam as energias para outros
interesses e por isso não se estabelece nenhum diálogo, não se aposta numa
pastoral que tivesse em conta todas as formas de comunicação que o mundo actual
nos oferece. Há uma falha em toda a linha neste domínio. Uma, por causa do medo e, outra, por causa das prioridades que estão todas invertidas.
Mais ainda vejo com imensa pena que nos últimos anos, o tempo
da Madeira nova, vários bispos, cónegos e padres se esquecessem do Evangelho e
andaram/andam com alguma comunicação social ao colo, a promovê-la e nela
escrevem para fazer fretes ao poder político vigente e com isso se labuzarem na gamela da
fartura dos subsídios financeiros para saciar o ego de quem se alimentava de
betão. Felizmente tudo isto agora vai escasseando.
Esta pseudo-pastoral de comunicação social ligada à
Igreja da Madeira nos últimos anos será uma página negra na sua história e uma traição a tantos outros que no passado lutaram por uma
comunicação social isenta e ao serviço do anúncio do Evangelho. Neste domínio,
destaque-se o exemplo do Cónego Alfredo César de Oliveira, entre tantos outros
que se serviram da pena para comunicarem a verdade na mais firme fidelidade à
dimensão profética do cristianismo. Hoje andamos a léguas desta realidade.
Ao Diário de Notícias
que hoje soma 136 anos, envio os meus sinceros parabéns e que sempre se reanime
com «fôlego» sempre novo (na expressão do seu actual director). Mais desejo que
a procura da verdade seja sempre o seu apanágio e que nenhuma forma de pressão
o aprisione no grilhão do silêncio e da inverdade.
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