MESA DA PALAVRA
Comentário à Missa do próximo domingo - ANO
B
29º DOMINGO DO TEMPO COMUM
21 de Outubro de 2012
É o que Jesus faz.
Coloca tudo ao contrário do pensamento dominante e não se atemoriza nada com
essa tarefa «ilógica» que conscientemente realiza. É a revolução de Jesus, que
apela a uma profunda conversão espiritual. Uma desconstrução urgente que
precisa o mundo e a nossa Igreja Católica, feita ao modo de Jesus.
Jesus fala do dar a
outra face ao opressor em vez de recorrer à vingança, de amar os inimigos em
vez de odiá-los, de fazer o bem a quem nos odeia ou faz mal, de abençoar os que
nos insultam e de perdoar todos setenta vezes sete. E vai por aí adiante
dizendo tudo ao contrário, os ricos são amaldiçoados e infelizes, os pobres
abençoados e felizes, os pecadores e as mulheres de má vida afinal têm igual
dignidade e passarão adiante no Reino de Deus, os primeiros serão os últimos e
os últimos serão os primeiros, o grande deve fazer-se pequeno e servir a todos,
o poder converte-se em serviço à comunidade e não domínio sobre ninguém. Tudo
isto cria um rebuliço infernal na cabeça do mundo que pensa de modo distinto de
tudo isto.
Obviamente, que Jesus
sofre um duro golpe na sua reputação. Aquilo com que Jesus menos se preocupava é
com a sua reputação, coisa que os homens do poder que domina se preocupam
imenso. Basta reparar no que fazem os governantes, o Papa, os Cardeais, os
padres e tanta gente que com a mínima responsabilidade de chefia se preocupa
imenso com o que diz a opinião pública. É preciso a todo o custo não ferir susceptibilidades e mesmo que tal atitude implique cometer injustiças, é melhor
ficar quieto porque o poder sabe bem, não querem abdicar das mordomias e
benesses que tais cargos conferem.
A lógica de Jesus é
outra, a subversão é total. O Evangelho está cheio de exemplos muito claros da «loucura»
que Jesus propõe. Faz algum sentido para o mundo certinho, organizado em
classes e estruturas sociais distintas esta lógica, «quem quiser entre vós ser
o primeiro, será escravo de todos»? - A resposta é dada pelo próprio Jesus: «Os
que se exaltam serão humilhados e os que se humilham serão exaltados» (Lc
14,11, 18, 14; Mt 23, 12).
O que importa para
Jesus são as pessoas e as suas necessidades. O nosso mundo actual precisa de
converter toda a lógica do poder que oprime e aliena as multidões. Somos todos
chamados libertar o ego do egoísmo, dar a vida pelo bem comum e a promover uma
justiça que salve a humanidade inteira e não apenas alguns.
O mundo precisa de uma
lógica de partilha e de fraternidade, para que a distribuição da riqueza seja
mais equitativa e venha ao encontro do bem para todos os povos, para que não
tenhamos alguns muito ricos e uma imensa porção da humanidade ainda mergulhados
no escândalo da fome e da pobreza. É este o sonho de Jesus que devemos fazer
nosso ideal e motivação para a luta em todos os momentos da nossa vida. Porque
o mundo só se concerta verdadeiramente quando o poder se torne um meio ao
serviço da justiça e não um fim para a soberba ou domínio sobre os demais.
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