Comentário à Missa do próximo domingo
XXVII Tempo Comum, 07 de Outubro
A primeira leitura
diz-nos que Deus criou o homem e a mulher para se completarem, para se
ajudarem, para se amarem. Esta mensagem suscita logo um sarilho à Igreja Católica,
profundamente machista, porque despreza a mulher no que diz respeito ao
sacramento da Ordem e que a tem para serviços menores. Quanto à partilha do
poder então nem se fala! A mulher na Igreja serve unicamente para as limpezas e
colocar as flores nos altares. No que toca à complementaridade que os textos
sagrados falam entre a mulher e o homem ainda estamos a léguas desse desejo
expresso por Deus. Lá chegaremos, eu creio…
A segunda leitura
lembra-nos que a vida verdadeira está no amor que se dá até às últimas
consequências. O matrimónio ou a vida familiar deve ser esse lugar onde, à
maneira de Jesus, os seus membros se entregam ao serviço da felicidade da
família com total desprendimento, numa entrega total ao bem para todos os que a
compõem.
A partilha e a doação
são elementos essenciais para edificar a família. Deste modo se compreende que
Deus não aceita um amor que não seja eterno, indissolúvel. Quando acontecem as
rupturas na família, é porque esse amor não era total nem estava cimentado na
base da doação e da partilha. Por isso, falhou. Nesse âmbito, é preciso refazer
a vida e retomar um caminho que se encaixe nesse amor eterno, que seja imagem e
semelhança do amor de Deus, para que a felicidade esteja presente.
No Evangelho, segundo
Jesus, o matrimónio é um caminho belo e só faz sentido acontecer quando tem em
vista só e unicamente a felicidade. A vida de todos nós acontece para a
felicidade.
A vida do casal, pelo
matrimónio, só tem razão de existir quando os dois são verdadeiramente felizes.
Quando tal não acontece, pois, que acabe esse caminho, porque não haverá nada mais
terrível no mundo do que dois viverem em comum e não serem felizes, porque não
se amam ou porque não se entendem com as coisas necessárias para a vida a dois,
a vida familiar.
O projecto de Jesus
sobre a vida matrimonial é uma graça, uma vocação que Deus coloca no coração do
homem e da mulher para serem felizes, se amarem e serem procriativos (não só
gerando filhos, mas em muitos outros aspectos). Este projecto é para sempre.
Mas, do ponto de vista ideal nem sempre resulta, não por causa de Deus, mas pelas
circunstâncias históricas desta vida e do mundo.
Na vida familiar, Deus
deseja que o amor fale sempre em primeiro lugar, pois, a felicidade funda-se
nesse alicerce. Digo sempre na
celebração dos casamentos que a vida em casal é a rosa mais linda do jardim de
Deus, porém, é aquela que se alimenta pelo tronco mais espinhoso. É preciso
sabedoria e inteligência para colher essa rosa com as mãos sem se deixar ferir.
Nesta sabedoria e inteligência se funda a paz e diálogo sincero. Assim se
aprende com S. Gregório de Nazianzo (Homil. 37, 6-7): «É belo, para uma mulher,
venerar a Cristo no marido; mas é belo também para o homem não desprezar a
Igreja na mulher. "A mulher, diz, respeite o marido", como Cristo. E
também o homem sustente e ame a mulher, precisamente como Cristo faz com a
Igreja».
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