Terça-feira, farpas da Madeira Nova
Hoje
seria um dia perfeitamente normal se não tivéssemos sobre as costas esta
tempestade de chuva e vento que já vai causando alguma preocupação. Mas não é
um dia normal. Antes de mais saímos a terreiro para elaborar algumas farpas
para animar a malta na reflexão com algum sentido de humor e algum cinismo.

Por
isso, somos levados a pensar que hoje estamos mergulhados por três formas de governo
que se situam muito bem em conceitos que nos deram os antigos e em um outro que
inventei para definir o que temos na tabanca chamada Madeira, porque aqui tudo
é diferente, especial mesmo…
Estamos
ante uma «Plutocracia (do grego ploutos: riqueza; kratos:
poder) é um sistema político no qual o poder é exercido pelo grupo mais rico.
Do ponto de vista social, esta concentração de poder nas mãos de uma classe é
acompanhada de uma grande desigualdade e de uma pequena mobilidade» (in
Wikipedia); não será também um «Nepotismo
(do latim nepos, neto
ou descendente) é o termo utilizado para
designar o favorecimento de parentes (ou amigos
próximos) em detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente no que diz
respeito à nomeação ou elevação
de cargos» (in Wikipedia); e ainda perante «Autocracia literalmente
significa a partir dos radicais gregos autos (por si próprio) e kratos
(poder), poder por si próprio. É uma forma de governo na qual há um único
detentor do poder. Pode ser um líder, um comité, uma assembleia... O governante
tem controlo absoluto em todos os níveis de governo sem o consentimento dos
governados» (in Wikipedia).
Mas,
especialmente para nós haverá ainda um que se inventou para designar o que
temos no burgo madeirense, onde só nos falta ver vacas a voar, a «Gratocracia»,
que é um termo profundamente irritante para apelar-se ao voto numa pessoa ou
fação candidata a um cargo ou liderança partidária. Este sistema tornou-se
insuportável de se ouvir, porque em democracia não há gratidão quanto aos
cargos públicos, porque todos eles são muito bem pagos a peso de ouro ao abrigo
da carga de impostos que se impõe sobre os cidadãos.
Esta
forte onda «gratocrática» patética emerge porque os poderes sempre andaram
nesse misto de Autocracia e a Plutocracia. Tudo subjugado ao domínio de um só
ou de alguns que se consideram iluminados e legitimados para fazer tudo o que
lhes dá na real gana sem olhar à lei e aos mais elementares princípios (isso
sim) da Democracia. Então é vê-los em todas as instâncias do rebanho vergados
ao «querido» que lhes garantiu emprego, vez e voz no palanque dos poderes que
se ramificam nos corredores das retretes que a «gratocracia» foi edificando. Pouco
ou nada importam ideias, propostas, caminhos para tirar-nos do atoleiro, da
lama da fome e da pobreza. Só a gratidão importa salientar neste momento. Um
fundo sem ponta que nos segure para nos livrarmos do afogamento.
Por
esta via será melhor rir, rir desalmadamente do patetismo que a «gratocracia»
fez germinar. Os grupos privilegiados durante estes anos todos saltam à praça e
dizem quem apoiam porque a gratidão impera. Os malucos do governo da nação
inventaram outra doutrina que pretende fazer a «refundação» da guilhotina que
nos coloram ao pescoço pelas troicas deste mundo que não sabem o que são
pessoas nem muito menos povo. Ainda não perceberam estes pseudointelectuais da governação
que já estamos no fundo e que é impossível ir mais abaixo. Parece lógico. Uma
refundação significa ir ao fundo outra vez, mas onde já lá estamos. Ou quererá
dizer refundação que com o orçamento que aí vem o fundo ficará cimentado com as
cabeças de mortos que esta cicuta vai provocar?
Por
cá impera a campanha sórdida pelo providencialismo que também já bateu no
fundo. O mar vai reclamando o que resta e as cadeiras vão ficando vazias. Um
sinal importante revelador do que foi, ausência de diálogo, o tempo do quero,
posso e mando (nepotismo)… Do eu é que sei, do dou como me apetece e dou a quem
quero dar porque me servem para manter o poder na freguesia chamada Madeira
(autocracia). A cadeira vazia na hora do debate mostra também o sinal da queda
que virá, porque o vento do tempo varreu esta forma de pensar e de governar.
Nada mais purificador do que natureza, por ela sempre nutro um grande respeito.

Sonho
com a realidade que fará mexer gente séria, que não será mais um bando de seguidistas
de uma lógica pessoal e de um poder que se serve a si mesmo com o dinheiro de
todos os que trabalham e descontam sem nenhuma forma de fugir aos impostos
soberbos que lhes são cobrados.
Este
dia não tardará e fará vingar uma paz, uma luz que nenhuma plutocracia nem
nenhuma autocracia/nepotismo ou nem muito menos a «gratocracia» vai ofuscar,
porque será mais forte o sentido do serviço ao bem comum.
Um
sonho, um ideal, uma profecia… Seja lá o que quisermos chamar. Não quero, não
posso e recuso perder a esperança.
1 comentário:
A GRATOCRACIA é o paradigma que justifica os privilégios aos juizes, a nova casta de marajás, neste momento de austeridade coletiva, em que a equidade é invocada por todos, contudo, por GRATIDÃO (e são tantos os casos... e presume-se que até os vindouros...) abre-se esta aberrante excepção que é de bradar aos céus!!!
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