No fim-de-semana transacto realizou-se
em Fátima no Centro Pastoral Paulo VI o encontro Nacional das equipas de Nossa
Senhora (ENS), sob o tema: «A Transmissão da Fé em Família».
O encontro serviu para a partilha de experiências da vida em
casal/família, para tomar conta das enormes sensibilidades que povoam nas
muitas equipas existentes nosso país e no mundo, mais ainda centrou-se a
partilha na formação cristã, humana e familiar com três conferências com
elevada profundidade, resta salientar que a oração esteve presente em muitos
momentos marcada com a beleza, a profundidade e o sentido apurado do convite à
interioridade.
Podemos enquadrar esta nossa
reflexão/testemunho sobre este encontro de casais nacionais em três dimensões:
o encontro, a oração e a formação.
1. O encontro. Quando estes momentos congregam
assim tantas pessoas vindas dos quatro cantos do país (a informação destacava o
número de 1200 pessoas), servem para que as diversas experiências matrimoniais,
a vida familiar, o convívio nas equipas sejam efectivamente partilhadas no
universo nacional. O crescimento familiar e humano precisa desta partilha ou
antes precisa de saber-se integrado num universo mais vasto que não aquele em
que se circunscreve a ilha, o grupo de casais onde se integra ou até mesmo o
seu circuito familiar. As diversas experiências ajudam a quebrar o isolamento,
abre o coração ao convívio fraterno e proporcionam a abertura para a riqueza da
amizade. Aliás, elementos essenciais, para a assunção da vida nos nossos dias
que tanto precisa de encontro, de proteção mútua e de apoio sincero,
desinteressado de todas as frentes da existência. Mais ainda faz sentido esta
constatação se nos concentrarmos na vida familiar, que se vê hoje bombardeada
com tantos desafios e provocações.
2. A oração. O encontro nacional das
ENS, como não poderia deixar de ser, fica sempre marcado pela oração. São
vários os momentos de interioridade onde se destaca a oração da manhã, as
Laudes, devidamente preparadas com nobres vozes e instrumentos que fazem entoar
os salmos até à dimensão espiritual da vida. Foram um momento solene de
interioridade, de reflexão e de encontro com Deus e connosco mesmos.
Obviamente, que tendo em conta o lugar onde se realizou o encontro não podia
faltar a sempre intrigante reza do terço e seguido de procissão de velas. No
último dia a celebração da Eucaristia marca também este momento como saudável
partilha do amor de Deus que se distribui na Palavra e no Pão do altar. Serve
este momento para o enorme de silêncio e para o encontro fraterno, onde se
escuta os ensinamentos de Deus para a continuação da vida em casal, em família,
na sociedade e no mundo.
3. Por último, destaque-se a formação.
Esta dimensão do encontro nacional das ENS, fica preenchido com três altos
momentos de reflexão e de formação para o aprofundamento cristão e humano das
equipas de casais e particularmente dos casais presentes no encontro. Podemos
falar de formação humana, espiritual e teológica.
A primeira conferência foi proferida
pelo Pe António Augusto, da Diocese do Porto, «A fé, Vida e Família: o papel da
família na educação para fé». A segunda ficou a cargo de D. Manuel Clemente,
Patriarca de Lisboa, «Pensar a Família hoje: Viver e transmitir a Fé» e a
terceira foi proferida em francês pelo Pe Paul-Dominique Marcovits, «Transmitir
a Fé em Família: o Pe Caffarel, o Matrimónio e as ENS».
Os conteúdos dos três conferencistas,
obviamente, que pouco divergiram. Cada um ao seu modo apresentou novidades,
desafios e propostas interessantes para o debate que muito longe anda de estar
esgotado. A conclusão principal que se tira é que a família hoje está num processo
de viragem que ainda não se vê onde vai parar. Os desafios são imensos. E todos
os contributos devem ser tomados a sério e com espírito aberto. Ninguém tem a
verdade única e absoluta sobre este mundo novo onde se insere a vida familiar
nos tempos de hoje.
Não terá sido por acaso que embora não
tinha feito parte do programa do encontro, as conversas pessoais com alguns
casais alinhavam claramente nos temas que vão marcando a actualidade. Não
passou despercebida a notícia que dava conta que o Papa Francisco (Vaticano)
enviou a todo o mundo um questionário, onde constam perguntas bem concretas
sobre assuntos prementes relacionados com a família, que requerem uma urgência
muito grande quanto à necessidade de serem debatidos. Eles são, o divórcio, os
casais separados monoparentais e recasados, a contracepção e os casais gays que
adoptam crianças e que para todos os efeitos formam uma família.
Por fim, resta salientar
que este momento de encontro a todos níveis foi enriquecedor para que a nossa
vida se faça com um espírito cada vez mais aberto a todos os desafios por que
passam as nossas famílias. Abrir o coração a esta realidade não deve ser apenas
mais um momento entre tantas coisas que vamos fazendo na vida, mas uma necessidade
urgente.
1 comentário:
A oração em família quase desapareceu aqui por perto.
Comparativamente com a sociedade Há cinquenta anos parece que somos uns ateus...
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