Grupo 8 e 9 das perguntas sobre a família para o Sínodo... Hoje terminamos aqui a publicação das respostas às perguntas do questionário do Lineamenta do Sínodo da família... Espero que tenha ajudado à reflexão de várias pessoas e que outras se tenham inspirado a darem também o seu contributo.
Para quem deseja ler e responder às perguntas pode fazê-lo a partir daqui: http://www.vatican.va/roman_curia/synod/documents/rc_synod_doc_20131105_iii-assemblea-sinodo-vescovi_po.html
QUESTIONÁRIO (VIII e IX)
8. Sobre a relação entre a família
e a pessoa
a)
Jesus Cristo revela o mistério e a vocação do homem: a família é um lugar
privilegiado para que isto aconteça?
- Sem dúvida nenhuma. A pregação e a
catequese da Igreja a este nível passam bem e são acolhidas por todos.
Surpreendentemente, às vezes até casais – digamos menos crentes ou menos
habituados com a prática litúrgica da Igreja – fazem testemunho entusiástico da
importância desta doutrina. Poderá ainda ser necessário intensificar-se mais e
criar-se mais dinâmicas de grupos para pensarem e dialogarem sobre esta
temática.
b)
Que situações críticas da família no mundo contemporâneo podem tornar-se um
obstáculo para o encontro da pessoa com Cristo?
- Haverá muitas situações onde o
encontro com a pessoa de Cristo seja obstáculo. As situações extremas de
pobreza, que desencantam as pessoas e as rebaixam à condição infra humana,
porque se foram injustiçados, agora não encontram vontade nem forças para
lutar. Mais ainda se considerarmos que estão abandonados pela sociedade em
geral e pelos governantes que estão mais empenhados a promoverem a injustiça
contra a verdade do bem comum. Sem o mínimo de pensamento sobre os mais
frágeis.
O encontro com Cristo, também pode ser
difícil onde houver situações que criaram a mentalidade que o dinheiro resolve
tudo e que a abundância de bens materiais é a solução para ser feliz.
Mais ainda se pensarmos nas doutrinas
anti cristãs e toda a mentalidade de hoje que vai propagando a ideia que Deus
não serve para nada, permitindo com isto uma aversão enorme contra as Igrejas e
os seus membros, porque são uns inúteis e que só anunciam mentiras…
c)
Em que medida as crises de fé, pelas quais as pessoas podem atravessar, incidem
sobre a vida familiar?
- As crises de fé têm muita influência
nas famílias, porque não existindo espaço para a fé, descura-se a educação
religiosa dos filhos ou porque algo desiludiu e desencantou ou porque o
desleixo toma conta das pessoas. Mais ainda a força crescente de que a vida
acaba na morte, que o que importa é «gozar» hoje e depois acabada tudo no
cemitério. Tudo isto influi na educação das crianças, porque ficam privadas de
acompanhamento catequético e sem tempo/espaço para participarem na comunidade
religiosa. A abundância e a variedade de actividades lúdicas têm muita
influência nisto. Também não descuramos que a crise de fé em alguns membros da
família ou em toda a família contribui para banir do seu espaço familiar todos
os momentos de oração e todas as imagens que sugiram qualquer indicação
religiosa. Esta perda da espiritualidade e da dimensão religiosa da família
contribui imenso para crise das famílias e da sociedade em geral.
9. Outros desafios e propostas
Existem
outros desafios e propostas a respeito dos temas abordados neste questionário,
sentidos como urgentes ou úteis por parte dos destinatários?
1º
Desafio:
Há cada vez mais uma recusa em fazer tantos anos de catequese. As famílias
estão agastadas com esta situação, causa-lhes imensos embaraços e lutas enormes
dentro da família o facto dos filhos atingindo uma determinada fase de
crescimento, nomeadamente, adolescência, não quererem participar na catequese e
na liturgia da Igreja. Por causa disto, alguns casais sofrem bastante e às
vezes as complicações com os padres e catequistas são difíceis de enfrentar.
- Proposta: Permitir que
logo no início da adolescência fosse ministrado o sacramento do Crisma. Após
esta etapa, os crismados que quisessem, integravam-se nos grupos das igrejas
particulares, grupos de jovens, Escuteiros, catequese e em movimentos e outros
grupos paroquiais.
2º
Desafio:
Relacionado com as famílias e que tantas dificuldades trazem aos párocos são os
padrinhos e madrinhas, que hoje vão sendo cada vez mais raros aqueles que se
apresentam idóneos e de acordo com todas as regras canónicas que a Igreja
apresenta.
-
Proposta: Acabar
com o peso formal que se dá aos padrinhos/madrinhas para a recepção dos
sacramentos. Que a comunidade (todos os presentes no momento do acto) sejam as
principais testemunhas do acontecimento e que os pais ou outros que tenham a
responsabilidade de fazer crescer e educar as crianças e os adolescentes, sejam
os principais responsáveis e isso bastaria. Acabar com toda a burocracia que
norteia esta pastoral. A simpatia e o carinho da sociedade pela Igreja em geral
seriam mais fortes e mais visíveis. Hoje a sociedade é tão diversificada, passa
por tantas dificuldades ao nível da relação familiar e os casais são assolados
com tantos desafios ao nível da vida matrimonial, que não encontrariam na
Igreja que os acolhe, nenhum embaraço ou impedimento, mas compreensão e
misericórdia perante todo o historial de sofrimento que já carregam.
-
Por fim,
surpreendeu-me não estar neste questionário nenhuma pergunta sobre o aborto e a
eutanásia, assim de forma muito concreta e objectiva. Porque são dois temas
sempre muito polémicos e profundamente relacionados com a família. Espero que o
Sínodo tenha estes dois assuntos em conta, os debata e sobre eles apresente uma
mensagem que venha ao encontro das inquietações de muitos católicos quando são
confrontados com o debate sobre estes dois assuntos. Aliás, estes temas nas
sociedades de hoje, são muito prementes e reincidem frequentemente.
Nota do autor do blogue: Espero que vos tenha
ajudado a pensar um pouco. Não pretendi outra coisa senão isso mesmo, fazer
pensar. Nada é definitivo neste mundo. Venham outros contributos.
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