Grupo 7 das perguntas sobre a família para o Sínodo... Manhã finalmente publicaremos o VIII e o IX grupos.
Para quem deseja ler e responder às perguntas pode fazê-lo aqui: http://www.vatican.va/roman_curia/synod/documents/rc_synod_doc_20131105_iii-assemblea-sinodo-vescovi_po.html
QUESTIONÁRIO (VII)
7. Sobre a abertura dos esposos à
vida
a)
Qual é o conhecimento real que os cristãos têm da doutrina da Humanae vitae a respeito da
paternidade responsável? Que consciência, têm da avaliação moral dos diferentes
métodos de regulação dos nascimentos? Que aprofundamentos poderiam ser
sugeridos a respeito desta matéria, sob o ponto de vista pastoral?
- Uma questão difícil. Considero que a
maioria dos cristãos tem pouco ou quiçá nenhum conhecimento sobre a Encíclica Humanae Vitae. Eis algo profundamente
dramático. Se quisermos particularizar sobre este ponto, «a paternidade
responsável», concluiremos que os cristãos têm aqueles conhecimentos que a Lei
Natural lhes concedeu, a tradição do meio social onde nasceram, cresceram e
vivem. Não devemos também descurar que a educação da casa paterna ou o ambiente
familiar também contribui bastante para que assumam a paternidade com
responsabilidade. Sejamos também honestos e reconheçamos que alguma catequese,
a pregação e a vida das comunidades particulares da Igreja também fazem um
pouco esse trabalho da educação para a paternidade responsável.
Hoje todos os casais fazem a regulação
dos nascimentos. As condições económicas difíceis, o envolvimento da vida actual
com a consequente falta de tempo, a impaciência para gerar e educar filhos, a
descoberta da vida sexual como forma de realização pessoal (o dom prazer), isto
é, como um bem também desejado e promovido por Deus, induzem, e muito bem, os
casais a fazerem a regulação dos nascimentos. Hoje ninguém considera isso mal e
muito menos pecado. Mas, antes uma forma responsável de viver em casal e como
elemento essencial na constituição da família. Por conseguinte, todos os casais
recorrem aos métodos de regulação dos nascimentos propostos pelas entidades de
saúde e que estão expostos nas várias lojas comerciais para o efeito. Tudo isto
tornou-se quase banal, porque aceite por toda a sociedade. A maior parte dos
casais considera os métodos de regulação dos nascimentos naturais impraticáveis
e pouco eficazes. As condições difíceis da vida do nosso tempo, influi
sobremaneira na instabilidade psíquica e física das pessoas, mais ainda se
aliarmos a falta de tempo e a pouco vontade e paciência que dispensam para a
sua auto-observação. Todos aceitam, afirmam e defendem que o mais prático e
eficaz são os métodos artificiais de regulação de nascimentos.
Sob o ponto de vista pastoral, podia a
Igreja escutar mais os casais e não descurar tanto a vida concreta de cada um
deles, o seu querer e as suas opções. Respeitar a liberdade de opção de cada
casal, admitir que tudo tenham realizado de acordo com a sua consciência e que
as suas opções são também manifestação da Presença de Deus nas suas vidas.
Também poderia ser benéfica a aceitação de alguns métodos artificiais de
regulação dos nascimentos propostos pelas entidades de saúde, porque em muitos
casos está mesmo em causa a saúde das pessoas e noutros servirá para evitar que
a miséria se propague onde faltam condições materiais necessárias para fazer
crescer e educar mais vidas humanas com responsabilidade. Melhor também, talvez
seja considerar a sexualidade como um valor e como elemento desejado por Deus
para que os casais vivam a comunhão do amor e não descurem a dimensão do prazer
sexual como um valor essencial para se realizarem como casal feliz e
contribuírem para a edificação de uma família plenamente realizada e integrada
na sociedade. Isso não pode ser pecado, mas um dom de Deus dado à humanidade.
b)
Esta doutrina moral é aceite? Quais são os aspectos mais problemáticos que
tornam difícil a sua aceitação para a grande maioria dos casais?
- Não. Não é aceite esta doutrina moral.
Os casais crentes, às vezes até são os primeiros a assumirem que «violaram»
esta doutrina, porque a consideram impraticável e longe de produzir os efeitos
desejados.
Os aspectos mais problemáticos
prendem-se com os métodos de regulação dos nascimentos. É preciso, é urgente,
mudar a mentalidade que considera o uso dos métodos artificiais como pecado,
para que se quebre a ideia que vai pairando na sociedade de que a Igreja vive
numa «teimosia» retrógrada e completamente fora da realidade. Este aspecto
sempre impede o diálogo e não permite que se vá mais além na magnífica doutrina
que a Igreja tem sobre a vida em casal e sobre a família.
c)
Que métodos naturais são promovidos por parte das Igrejas particulares, para
ajudar os cônjuges a pôr em prática a doutrina da Humanae vitae?
- Tendo em conta que os métodos naturais
foram laconicamente recusados pela generalidade dos casais, este assunto tornou-se tabu nas Igrejas particulares.
d)
Qual é a experiência relativa a este tema na prática do sacramento da penitência
e na participação na Eucaristia?
- Assunto tabu para a generalidade.
Penso que até haverá medo de falar-se neste assunto.
e)
Quais são, a este propósito, os contrastes que se salientam entre a doutrina da
Igreja e a educação civil?
- Enormes. A doutrina da Igreja não
passa. A educação civil tem sucesso garantido à partida.
f)
Como promover uma mentalidade mais aberta à natalidade? Como favorecer o
aumento dos nascimentos?
- Muito fácil, a meu ver. No geral os
homens e as mulheres estão abertos à paternidade e à maternidade, falta-lhes
condições materiais para levarem essa tarefa a adiante. A crise económica gerou
um desemprego assustador, as políticas contra a natalidade são um desastre e
quiçá nalguns momentos nulas. Os apoios financeiros do Estado estão a ser
consecutivamente cortados e as políticas neoliberais vão acabando com o sistema
de saúde e a educação gratuitas o que vai fazendo com que os casais recuem
bastante na ideia e no desejo de gerarem filhos.
O favorecimento do
aumento dos nascimentos passa pela criação de emprego e pela implementação de
políticas que apoiem esta causa da natalidade. Será a tragédia para algumas
nações da Europa se estas políticas neoliberais que nada se preocupam com as
pessoas e com os povos não forem travadas. Toda a Igreja deve estar atenta a
esta realidade, denunciar tudo o que seja contra a vida humana, contra a
família. Os políticos terão de perceber que o futuro faz-se com desenvolvimento
económico, mas porque as pessoas, faz-se também e essencialmente com
desenvolvimento humano. A Igreja não deve calar perante esta injustiça e lutar
seriamente para que todos percebam que o mundo e o futuro constrói-se na base
dos povos e para termos povos saudáveis e felizes a promoção da natalidade é
caminho elementar.
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