Para ler saboreando... Deus compensa sempre as falhas da natureza e as contrariedades que a vida deste mundo oferecem.
Nada tem mais impacto e mensagem do que
um facto real e vivo. A vida oferece-nos momentos de angústia, de dúvida, de
dor e de desespero. Algumas vezes sentimo-nos sós, desanimados, pensando ter
perdido “o endereço da esperança”.
São momentos de sofrimento que atingem
todas as pessoas, mesmo as mais poderosas, as mais ricas, as mais belas.
Encontramos este estado de alma num dos maiores compositores musicais de todos
os tempos: Luís Beethoven, nascido em Bonn, na Alemanha.
A sua infância e adolescência cresceram
num ambiente de carência afectiva. Sua mãe morreu muito jovem e seu pai morreu
de alcoolismo.
Beethoven começou muito cedo a sentir
uma surdez progressiva, que o deixava abatido e irritado. Usava umas cornetas
acústicas aplicadas nos ouvidos para conseguir ouvir. Trazia consigo um caderno
de anotações em que as pessoas escreviam o que desejavam comunicar-lhe.
Mas, notando que as pessoas não o acolhiam
nem o ajudavam, o compositor passou a isolar-se completamente. Caiu em profunda
depressão, quer pela doença que avançava, quer pela morte de um príncipe seu
benfeitor, que lhe pagara os estudos. Chegou mesmo a redigir um testamento,
dizendo que iria suicidar-se.
A ajuda que mais o encorajou veio-lhe de
uma moça cega que morava na mesma pensão modesta para onde Beethoven se
transferira. Mas ela o comovia quando lhe gritava repetidamente: “eu daria tudo
para ver uma noite de luar”. Beethoven emocionava-se e reflectia : “afinal eu
posso ver. Posso escrever as minhas pautas musicais “. A vontade de viver
renasceu e, para dar alegria àquela moça amiga, criou uma das suas mais belas
composições: “Sonata ao luar!” Já completamente surdo compôs o “Hino à
alegria”, exprimindo a sua gratidão a Deus por não ter caído na tentação do
suicídio e pela graça de encontrar aquela jovem invisual. Quantas vezes a
infelicidade de outros poderá ser alavanca da nossa alegria, da nossa
realização, da nossa felicidade! Mário Salgueirinho
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