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quinta-feira, 19 de novembro de 2015

O Reino de Deus está presente no meio de nós

Reflexão para quem dedica um bocadinho do fim de semana para participar na missa dominical. Este será o domingo XXXIV. Domingo de Cristo Rei...
Jesus, por fim, assume que é Rei, como diz Pilatos. Não um rei dos jogos do poder, da corrupção e do domínio sobre os demais. É o Rei da verdade, da beleza e da bondade só isso diz tudo. Quem segue estes valores, pertence ao Seu reinado.
De que se trata esta realeza? - Trata-se de uma realeza ao contrário. É um reinado do avesso. Nada tem a ver com a realeza dos reis deste mundo. Não se trata de um Jesus Rei, rodeado de gente importante, exércitos ávidos de combate e de poder. O Reino de Jesus é antes dos famintos, dos que têm sede e fome de justiça, dos peregrinos, dos sem roupa, dos desempregados que são tantos entre nós e que é a pior das tragédias que se abateu sobre as nossas famílias, dos doentes e dos prisioneiros, das vítimas do terrorismo e de todos os que neste mundo mergulharam no oceano imenso do medo...
Jesus é rei da possibilidade da justiça e do amor que deve ser dado gratuitamente a quem a vida devotou à desgraça, ao sofrimento. Porque são estes de quem ninguém quer saber. Os habitantes da margem são as multidões abandonados pelos poderes deste mundo que se plantam em poltronas douradas para dominar, servir-se e servir os seus familiares e amigos.
Nietzsche, no seu "Anticristo", proclamará que o "Reino de Deus" é uma "lastimável mentira", que serviu para a Igreja fixar os seus valores que chama "vontade de Deus". Nisso consistia o domínio e o poder da Igreja. Neste sentido, para este autor o Cristianismo é uma religião da "decadência" e não da libertação da humanidade. Em muitos momentos da história da Igreja e ainda nalguns meios da Igreja Católica na actualidade, leva-nos a dar razão ao autor de "Assim falou Zaratrusta". Mas, de acordo com o sentido do Evangelho e a postura de Jesus, descobre-se um sentido cheio de libertação no Reino de Jesus. Por esta verdade, Jesus estende os braços na Cruz, como um derrotado humanamente falando, mas do ponto de vista espiritual, Ele vai até ao fim pela verdade que salva. Uma coisa é Jesus outra muito distinta são os seus seguidores.
A aparente derrota de Jesus é a lógica do poder posta do avesso. Jesus é um Rei que não se coaduna com as injustiças sociais, pessoais e institucionais. A sua morte na Cruz é o resultado da sua acção contra tudo o que não promove a dignidade da vida e do amor. É o preço a pagar pela sua radical preferência pelos desafortunados deste mundo. Na escola de Jesus, só se ensina uma única matéria: o Reino! Este Reino que se aprende da vida e do exemplo do Mestre. O exemplo de Jesus e a Sua vida radicam na partilha que resulta na fraternidade, na amizade e no amor ao próximo. É este Reino que sonhamos para o mundo, o nosso mundo. Urge acabar com a lógica do domínio do forte sobre o mais fraco, é preciso acabar com a ganância geradora de pobreza. Urge semear a vida para todos. Urge considerar cada um como um ser único e digno de ser amado, como fazia Jesus.

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