1. A onda de
indignação no sul da Europa foi grande. Não podia ser de outra forma. Se fosse
um qualquer de nós a dizê-lo até se podia considerar como bem visto e acertado.
Porém, veio de um sr. com alguma relevância e importância nos destinos da
Europa. O seu nome é Jeroen Dijsselbloem, o ministro das finanças holandês e
presidente do Eurogrupo (a entidade que reúne os ministros das finanças da zona
euro). Disse o homem: "durante a crise do euro, os países do Norte
mostraram solidariedade com os países afectados pela crise. Como
social-democrata, atribuo uma importância extraordinária à solidariedade. Mas
também deve haver obrigações, não se pode gastar todo o dinheiro em copos e
mulheres e depois pedir ajuda". Gasóleo para a fogueira, sexista e grau elevado
de soberba.
2. A frase
aplica-se que nem uma luva a tanta gente que andou e anda por aí a gastar o seu
e o dos outros em meandros etílicos e com "mulheres de má vida".
Porém, não deve ser aplicada aos povos do sul, do norte, do leste e do oeste.
Cada povo tem gente de toda a espécie. Gente do melhor que pode haver:
trabalhadora, generosa, honesta, respeitadora e cumpridora dos seus deveres...
Mas, também tem gente do pior que pode haver: assassinos, adúlteros,
desonestos, fundamentalistas, terroristas, violadores das regras e da sã
conduta nas palavras e nas atitudes. Um povo faz-se com todos e com tudo. E
nenhum outro povo pode ou deve considerar-se superior em nada. As grandes
barbaridades da humanidade começam assim. As Cruzadas, a Inquisição, o
Holocausto, os Gulag, o Estado Islâmico e tantos outros regimes em tantos
lugares do mundo onde a prevalência do terror tem como princípio legitimador
essa vanglória absurda de que nós somos os maiores e os melhores os outros
carne para abater e queimar.
3. As
declarações do sr. Joroen são perigosas, sexistas e xenófobas como tantos
dirigentes, especialmente, os do sul da Europa afirmaram. Mas alguns entre nós
gostaram tanto do comentário que até andam a dizer que sim senhor o homem tem
razão e até vão buscar exemplos para provar que assim foi e é. Mas, esquecem
que nada daquilo que a Europa nos tem dado tem sido de não beijada. Tudo tem
sido pago com suor e lágrimas e não com "copos e mulheres". Não fomos
nós os do sul que tivemos e ainda estamos sufocados com uma austeridade
desumana que fechou empresas lançando no desemprego, na emigração e na pobreza
tantas famílias? - Sim, esta pergunta é sobre os últimos anos de vida dos povos
que vivem no sul da Europa. E foram estes mesmodirigentes que apontaram tais
medidas salvadoras em nome dos números dos deficits, agências de mercados
financeiros e profundamente aliados às falcatruas dos bancos que foram
aliciando os povos com a engenharia financeira do lucro fácil...
4. Neste
sentido, concordo com a ideia de que este sr. não reúne condições para
continuar no cargo. O ambiente de terrorismo e de violência em que andam
mergulhadas as sociedades europeias, despensa dirigentes incendiários. É
preciso serenidade e apelos que tenham em vista a compreensão e solidariedade
entre os povos que levam à união dos povos. Requer-se uma solidariedade
desinteressada que promova a dignidade dos povos e não uma caridadizinha
qualquer que os inferioriza e que no causo até os humilha.
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