Comentário à missa do domingo V
Quaresma...
“A Ressurreição de Lázaro” (1890), Vincent Van Gogh. |
A
ressurreição. Um mistério. Uma fé. Uma proposta de esperança para a vida.
Porque resulta do amor vivido até ao extremo e de uma radical entrega a uma
causa de salvação do mundo caído na desgraça do egoísmo e do ódio. Há muitos
túmulos nesta vida que precisam que se remova a pedra, para que a palavra de
Jesus faça acontecer a vida em abundância.
Um
exemplo, Justine era uma prostituta apaixonada por um jovem advogado chamado
Marcus. A sua vida foi uma caminhada de miséria e de muito sofrimento. Justine
dirige um Cabaré (ou casa de prostituição), frequentemente apelidado de «antro
de perdição» e de «postíbulo». Mal sabíamos nós que estava prestes a emergir
deste lugar imundo um testemunho extraordinário de esperança. Após diversas
peripécias Justine passa de uma vida sem amor, uma vida de trevas, para uma
vida cheia de amor e morreu feliz por isso.
Deixemos
a vida renascer à luz de Cristo vivo que em cada hora torna novas todas as coisas.
A ressurreição é esta luz que ilumina as trevas e que nos orienta para o bem.
Estar ressuscitado, é mostrar que se está apaixonado pela vida e que essa
beleza se renova em cada dia deste mundo, mesmo que muitas vezes as
circunstâncias sejam um duro confronto com a morte, com o sofrimento e com
todas as injustiças que esta vida implica. Ser sinal de contradição diante do
mundo da miséria mortal que nos rodeia, é um grande desafio do ser cristão.
Ressuscitar,
é acreditar na vida sempre, mesmo que o crivo da morte nos guarde dentro do
túmulo escuro da miséria. É isso que Jesus nos revela com a ressurreição de
Lázaro. A pergunta é bem concreta: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem
acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita
em Mim, nunca morrerá. Acreditas nisto?».
A
vida é muito mais que um corpo que se degrada, a existência é um dom
misterioso, invisível, mas vida, vida em abundância porque Jesus venceu a Sua
morte e a morte de todos nós para nos oferecer a plenitude e a eternidade. Este
acreditar na vida sempre e para sempre, ajuda a transformar o mundo, porque
isso consiste em viver com o pensamento na salvação (ideia positiva)
desprezando toda a carga negativa que a finitude sempre implica como horizonte
futuro. Guardo a ideia belíssima de Victor Hugo: «Morrer não é acabar, é a
suprema manhã».
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