1. Esta tarde (terça feira) iria decorrer uma conferência na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, que tinha como convidado o historiador Jaime Nogueira Pinto, mas foi cancelada devido à pressão contra a entidade responsável pela organização, a "Nova Portugalidade", considerada pela Associação de Estudantes como "nacionalista e colonialista". A conferência tinha como título: "Populismo ou Democracia: O Brexit, Trump e Le Pen". Face à pressão de alguns alunos, a direção da faculdade resolveu cancelar a dita conferência. O director da faculdade, Francisco Caramelo, deu a cara e assumiu claramente que a conferência podia suscitar um ambiente de violência ao seu redor. Vai daí que a melhor opção seria cortar a palavra, suponho, democraticamente, ao conferencista e ao grupo organizador.
2. Nada tenho contra o senhor e conheço-o apenas da televisão em alguns programas de debate. Nunca me provocaram nenhum sobressalto ou surpresa de maior os seus pronunciamentos. Mas, seja como for, esta situação é intolerável. Mais uma vez temos um sinal da crise em que mergulhou o mundo democrático. Em nome do medo e das desconfianças desmedidas parece valer tudo, para que o combate contra os valores democráticos aconteça assim descaradamente.
3. Sem ouvirem, zelosamente, catalogaram a conferência de "fascista, reacionária e colonialista". Mas, o que dizer da "solução democrática", longe de ser reacionária e nada fascista, coarctando a palavra, o direito à opinião e à liberdade de expressão? - Quer dizer então, que silenciar um convidado que ía falar de um assunto que não agradava a alguém é exercício democrático? - Estamos falados caros alunos e zelosa direção da faculdade de Ciências Sociais e Humanas.
4. Esta medida trumpista diz muito sobre o estado de coisas em que estamos quanto aos valores da democracia. O respeito pela liberdade dos outros parece ser zero. O futuro com meninos estudantes destes também não nos garante nada e somos assaltados pelo assombro de uma profunda perplexidade, não fosse tudo isto revelar-nos o quanto o amanhã pode ser assustador.
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