1. Celebramos no dia 13 de março de 2017,
4 anos da eleição do Papa Francisco. Um pontificado excelente. Porém, melhor do
que ninguém, o Papa Francisco, sabe que não é fácil enfrentar uma instituição
cimentada em alicerces seculares.
2. Eles são uma plêiade de religiosos
que vivem confortavelmente em comunidades ricas e luxuosas. Eles são o clero
aburguesado que não estuda e que não sai da catequese mais corriqueira,
devocionista e infantil. Eles são as mulheres poderem receber todos os Sacramentos,
que são sete, menos o Sacramento da Ordem. Eles são o estigma contra os casais
que falharam no casamento, o drama das mães solteiras, as famílias
monoparentais, que são cada vez mais e os recasados ou unidos de facto em
segunda relação ou mais.
3. Mas eles são também, os leigos que
vivem num infantilismo confrangedor a sua fé e a base mais visível da pastoral
está exclusivamente no devocionismo. Eles são preconceitos graves contra a
homossexualidade e receio que em muitas franjas da Igreja Católica exista uma homofobia
horrível, que exclui sob a batuta do desprezo doentio, embora albergue tantos
clérigos com tendências homossexuais bem evidentes e tantos «pecados» (escândalos
insuportáveis) relacionados com a pedofilia.
4. E ainda, eles são o facto de reinar
uma insensibilidade enorme perante aquilo que se designa hoje «os pecados
sociais»: a injustiça, a corrupção, a desigualdade, a pobreza, a ecologia, as
migrações (refugiados) e todas as situações/desafios deste nosso tempo que
deviam ser a principal preocupação de toda a Igreja para que se fizesse jus à
magnífica expressão do Concílio Vaticano II quando fala dos «Sinais dos
Tempos».
5. Por fim, eles são a nível político, aquilo
abala sobremaneira as democracias, os desafios dos populismos que varrem o
mundo todo, que levanta muros contra os estrangeiros e os deslocados da guerra,
do terrorismo e do fundamentalismo religioso. A par de tudo isto impõe-se
ferozmente a «economia que mata», com a austeridade para os mais frágeis,
geradora de corrupção desenfreada e mentiras atrozes que prejudicam a vida de
todos.
6. Por conseguinte, em termos
religiosos, mais voltados para dentro das Igrejas Católicas, devemos dizer honestamente
que a continuarmos assim, vai continuar a aumentar em todo o mundo a ideia de
que aquilo que Roma prega não é praticado pela maioria dos fiéis, como está bem
claro no caso da doutrina sobre a sexualidade, as questões sobre a vida em
geral, a opção pela pobreza e a teologia do encontro, temas mais que badalados
pelo Papa Francisco. Em todo o caso nada está perdido, se existir coragem e
muitos seguirem os passos do Papa Francisco, que procura responder a todas as
situações com a Palavra de Jesus e com a mais pura naturalidade faz como Jesus
faria se estivesse em carne e osso no meio de nós neste século.
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