1. Somos vítimas do martelamento da
comunicação social em geral. Um telejornal é um bombardeamento essencialmente
de más notícias. O gosto mórbido pelo negro. Todos o apreciam e ninguém pode
gabar-se que está imune a esse gosto.
2. Tantas vezes tenho a sensação que se
as notícias negativas faltassem não havia nada para dizer. Um drama que faz
enfermar e morrer todos os dias o melhor que a humanidade tem, a capacidade de
comunicar a verdade com honestidade.
3. Nunca como hoje a humanidade foi tão
agredida. Todas as horas do dias somos literalmente bombardeados com anúncios
maus, que nos mostram sangue, mortos, feridos, escombros e tudo o que vai
acontecendo de pior no mundo. Vale ainda salientar que as coisas acentuam-se
particularmente às horas da refeições, facto que me faz inquietar ainda mais.
Nessa hora da partilha do pão e do convívio familiar, chega também a avalanche
dos alarmes do horror das guerras e os estrondo das armas dos terroristas.
4. Alguns podem derrotar esta reflexão com
a ideia de que temos de saber das coisas e dos acontecimentos, é verdade que
sim. Pois, pior ainda será que andemos alienados do que se passa à nossa volta,
não podemos tapar os olhos e os ouvidos quando outros semelhantes a nós perto
ou longe sofrem. Porém, o que salienta à vida e aos ouvidos também é que as
notícias acarretam sempre uma desproporção entre o que é positivo e o que é
negativo. Uma bomba que rebenta em qualquer parte do mundo sempre vai consumir
mais horas de comunicação social do que o remédio que algum cientista tenha
descoberto para minorar a dor ou curar alguma doença. Os fracassos da
humanidade despertam mais atenção do que os êxitos e é nessa questão que
gostaria de colocar esta minha reflexão ou a minha pergunta: porque tem que ser
assim?
5. Também alguns justificarão que a
sociedade continua a preferir o negro ao branco, os fracassos aos sucessos e a
escolha entre o bem e o mal recai sempre no que de pior acontece. Os programas
que as televisões têm nas manhãs e nas tardes são também preenchidos com o que
há de pior da vida humana. Eles são violações, roubos, assassinatos bárbaros e
toda uma panóplia de acontecimentos cada um pior do que o outro, para que se
permita depois comentar, fazer directos e explorar ao máximo toda a envolvência
das tragédias ou do pior que a humanidade produz.
6. A comunicação social tem o dever de
informar, certo. Mas, também tem o dever de educar, elemento frequentemente
esquecido pelos agentes da comunicação social. A desproporção entre branco e
negro, entre leve e pesado, entre bem e mal, induz as mentalidades em geral
para o pessimismo e para o catastrofismo. Hoje a mentalidade geral é negativa e
as pessoas olham o futuro com pouca ou nenhuma esperança. Por isso, tal
comportamento não permite o melhor que a sociedade devia ter, a bondade e a
felicidade. Infelizmente, são cada vez mais os passos que temos que dar para
encontrar tais valores à nossa porta. A mediação do negro tem feito o seu
caminho e cada vez será pior se entretanto não acordarmos.
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