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segunda-feira, 13 de novembro de 2017

A sexualidade dos padres

Comensal divino:

1. Eis o extraordinário mundo novo que se inicia a partir da Madeira, Diocese do Funchal. As mudanças que se anteveem parecem ter gestação na «pérola do Atlântico». Nada melhor para encher ainda mais o orgulho de muitos madeirenses que sempre acharam a Madeira o centro do mundo e que deste umbigo universal está toda a razão de ser da existência. A meu ver deve ter sido precisamente aqui neste lugar, que ao sétimo dia, Deus com as suas mãos estafadas de moldar o barro para fazer o exemplar Adão e Eva, recuperou as forças de tão afanada obra criadora.

2. Sempre me fez muita confusão ver os Papas, os bispos e os padres a serem os convidados de honra nos encontros, pequenos ou grandes, sobre a família, para falarem precisamente sobre família e como nela se vive a fidelidade no casal, a educação dos filhos, a ensinarem como se resolvem todos os problemas inerentes ao ser família tal como a conhecemos. Sempre evitei ao máximo falar do que não tenho experiência e muito raras vezes encetei viagem por esse caminho. Desperta-me muita perplexidade que os ensinamentos venham de quem teve que abdicar de constituir família em nome da causa e da missão pelo Reino de Deus. É assim e ponto.

3. Esse festim era o que tanta gente pode testemunhar, principalmente, os grupos e movimentos ligados à família sejam mais ou menos religiosos. A conversa versava sobre família assim, família assada, educação assim, educação assada... Com regras e mais regras sobre a vida sexual, procriação, matrimónio civil, matrimónio canónico, regras e mais regras para padrinhos, regras e mais regras para procriar, exclusão e excomunhões se algo falhasse... Mas, despertou agora a opinião pública e a da Igreja Católica - e todos sabemos o que foi, não necessito de reafirmar - a realidade da vida inverteu-se, e como que a talho de vingança, todos sabem de tudo sobre a vida do clero. Será caso para dizer-se «o feitiço voltou-se contra o feiticeiro»? – Porque estou para ver o que isto vai dar e como reagirá quem sempre achou que podia ensinar o melhor dos mundos a partir da sua «sabedoria» sobre a família com muita teoria, mas em fuga da experiência prática familiar.

4. No mesmo patamar, por estes dias, adensou-se ainda mais a minha confusão, por ver uma onde crescente de leigos especialistas em padres, sexualidade dos padres, celibato dos padres, castidade para os padres, vida geral dos padres, filhos dos padres (não imaginava que existia tanto padre por aí a procriar, honra lhes seja feita, já que quem deve procriar não o faz, então que sejam estes a contribuir para o rejuvenescimento da nossa tão envelhecida população) e a infinidade de doutrina relacionada com a vida do clero. É caso para humildemente manifestar aqui a minha mais sincera gratidão, mas fica claro, que se antes me fazia remover as tripas a doutrinação sobre a família e a vida em casal, feita pelos solitários, não menos elas se removem com a doutrinação sobre castidade, celibato e fidelidade e moralismo sexual, produzida pela plêiade de gente, adúltera, recasada uma, duas, três e quatro vezes… Portanto, vamos com calma e que a vida se faça com serenidade, porque sobre tudo e sobre todos ainda temos muito que aprender, até porque cada pessoa é um oceano imenso, sempre como construção inacabada e imperfeita.

1 comentário:

Unknown disse...

Parabéns pela excelente reflexão sobre os dois estados de vida.

Paulo Victória