a democracia não está em crise. E de longe estão esgotadas todas as potencialidades da democracia. O jurista francês Dominique Rousseau, numa entrevista sobre a democracia, considerou que não é a democracia que está em crise, mas a sua forma representativa, porque os seus representantes trabalham muito para que a dita crise surgisse. Daí a inevitabilidade dos populismos, com as suas roupagens fascistas e todos os perigos relacionados com a pior forma de governo que é a ditadura. Dominique Rousseau considera que «o populismo é a doença senil da democracia. Não pode ser o seu remédio». O contexto de crise generalizado em que vivemos tem feito surgir figuras no espectro político que ao invés de nos garantir segurança e confiança no futuro tem feito surgir os piores receios. A crise da família, que sofre uma mutação sem precedentes a todos os níveis, por um lado desagrega-se e por outro ganha contornos nunca experimentados no passado e que augura uma enorme incerteza quando às mentalidades e comportamentos que daí advirão. A crise da escola, profundamente politizada e mergulhada numa confusão geral de burocracias, desconfiança, morte da autoridade e inversão de valores, para não dizer incapaz de acompanhar os ventos do tempo moderno que passa. A crise da cidadania, que se desumaniza e mergulha numa apatia cada vez mais acentuada quanto ao bem comum, as questões ecológicas e tudo o que faz parte da vida na cidade. A crise do Estado, que se converte cada vez mais num «estadão», uma máquina eficaz de controle da vida dos cidadãos, com uma eficácia impressionante a cobrar impostos, mas lento e desleixado na assunção das suas responsabilidades quanto às necessidades dos seus cidadãos (basta observar como está o sistema de educação e o de saúde). Este contexto, faz adoecer a democracia e desencanta os eleitores, que cada vez mais se cansam de votar na «desgraça» que os representa. Daí que tenha sucesso o líder paternalista, com discurso duro contra a democracia que ele aproveita para catapultar o poder, que depois menospreza com a sua ação. Tempos novos, que requerem atenção e clarividência dos homens e mulheres sérios que acreditam no futuro da democracia, na fraternidade e na inclusão de todos os seres humanos independentemente da sua forma de ser e pensar.
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