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segunda-feira, 21 de maio de 2012

Conversa fiada que me deixa zonzo

Lá estamos nós a utilizar a internet… Não fora alguém importante desta terra, lembrar-se, num intervalo das jantaradas e almoçaradas, regadas com vinho tinto e fechadas com aguardente velha, que a internet é um meio importante de comunicação. Mas, pressupõe-se que este meio é importante se for utilizado para divulgar orações piedosas, discursos sobre o sexo dos anjos e elogios balofos sobre o ativismo vazio que norteia muita instituição desorientada que temos entre nós. Se for para anunciar o Evangelho de um «tal» Jesus de Nazaré e com essa luz, denunciar e apontar caminhos de diálogo com a cultura e com o mundo, já não serve e torna-se um dos meios mais perigosos da atualidade. Andamos fartos de conversa fiada, e temos razões para tal!
E falando de conversa fiada, gostaria de fazer um apontamento sobre os espetáculos deprimentes denominados de «esclarecimentos» às portas das nossas igrejas.
Para a visita a São Roque, que se realizou neste domingo, 20 de Maio 2012, parece que existia algum receio e quem sabe medo pelo que viesse a passar-se.
Da Câmara Municipal do Funchal ficou alguém encarregue de me telefonar para me informar que estava prevista a vinda ao adro da igreja de São Roque, mas que tinha sido cancelada. Afinal, mais uma mentira que me pregaram, assim funciona este regime, com a mentira e só pela mentira. Porque a verdade, que liberta, dói quando os interesses são mais que muitos para poucos que se apoderam desta terra. A visita realizou-se.
Uma informação nada inocente, mas patética e absurda, nada me interessam esclarecimentos de gente que já deu o que tinha a dar e teima com uma lógica política que já não resolve nada nem vem ao encontro das necessidades terríveis que sofrem as nossas populações. Estes senhores, sumidades de inteligência rara, pensaram que se eu soubesse antecipadamente desta ilustre visita podia eventualmente dizer alguma coisa nas missas para afastar o público que eles desejavam ter para escutar tão doutas palavras. Meu Deus, longe de mim conspurcar a belíssima mensagem da Palavra de Deus do dia da Ascensão com misérias deste mundo que merecem o maior dos desprezos.
Sim, não perco mais tempo nem muito menos serei instrumento de propaganda barata sobre um descalabro que se abateu sobre nós. Seria uma ofensa ao povo simples que nós respeitamos. Um povo sofrido, enganado e manipulado pelos políticos com comes e bebes. Coisa fácil, quando a pobreza comanda as nossas populações e a incultura uma realidade constante. A Igreja da Madeira ajuda à festa neste momento, para não perder o hábito que a tem comandado nestes 500 anos de história que já conta. As festas e festanças que se fazem e as que estão previstas fazer-se são reveladoras desta conivência. As várias capelinhas em que se tornou a «nossa» igreja da Madeira, serve apenas para amaciar a lã de um poder à deriva.
Meus senhores, o vosso temor é inútil, desnecessário. Não perco mais tempo com atividades, patéticas, ridículas. Reparem, o público que fica para ouvir balelas, são os mais pobres dos pobres nas freguesias, ontem divertiram-se com os engravatados que os visitaram, bateram-lhes palmas, riram com as ofensas desferidas contra os adversários e com os nomes horríveis que se aplica contra quem mostre que já perdeu o medo e experimenta agora o sabor lindo da liberdade. Ora, este público desempregado, triste e que passa fome, hoje, bate à porta das igrejas e dos padres a pedir esmola pelo amor de Deus, porque tem fome e tem os filhos em casa sem nada sobre a mesa para se alimentarem. É por isso, que estes são os mais pobres dos pobres e não têm nada a perder, têm tempo disponível para qualquer género de divertimento, venha de onde vier. São pobres, desempregados e a maioria reformados com pensões de miséria, sem dinheiro para comida, para os medicamentos e para todos os gastos essenciais à sobrevivência.
Mas, estes esclarecimentos seriam muitos úteis se fossem feitos com a verdade e pela verdade. Estes senhores engravatados deviam dizer ao povo como fizeram para nos carregar este fardo da dívida escondida e revelada. Estes senhores deviam dizer como se aufere salários astronómicos nos cargos que ocupam. Como se pode dizer uma palavra que seja, ensaiar um esclarecimento, fazer uma promessa… Assumindo sem vergonha salários brutais, alguns em duplicado e pensões juntamente com o salário violando a lei em vigor... Não há ética nenhuma. Alguns até são ouvintes da Palavra de Deus, são católicos praticantes. Também poderiam dizer como nos fizeram pagar impostos altíssimos e taxas ao Estado que nos tiram o pão da boca. Podiam também dizer nos adros das igrejas a verdade e só a verdade, batendo no peito, pedindo perdão a Deus e ao povo que instrumentalizam com espetadas, vinho seco, cerveja do regime e música rasca (dita pimba)…
Bom, e tendo conta que já me sinto um pouco zonzo com toda esta conversa fiada, por agora fico-me por aqui…
José Luís Rodrigues
(Imagem de Rota dos Miradouros)

1 comentário:

M Teresa Góis disse...

Tal procedimento demonstra o medo, a insegurança, a inverdade em que chafurda esta política regional.
Muito bem sabem eles onde está o povo mais elucidado e que menos votos lhes dá.Nem se preocupe com eles, são miseraveis na medida em que não lhes basta roubar o salário, o emprego e o pão para a boca aos madeirenses, como ainda se sequer fazer passar por vítimas, O desprezo não será um sentimento cristão, mas Jesus não ocultou o Desprezo e deu-nos dele o conhecimento. Usemo-lo então, caridosamente!