Nota: Para quem não tenha lido, destaco os aspectos que mais me tocaram no texto de frei Bento Domingues do domingo 13 de Maio de 2012 no Público... Um texto muito bom!
«Não me importa nada que na Física se procure “a teoria de tudo”, mas não gostaria que o modelo transitasse para outros campos e, sobretudo, para as práticas sociais, éticas, políticas e religiosas. As vítimas de certezas absolutas e de previsões pseudocientíficas de progresso infinito já foram tantas, que talvez seja aconselhável alguma modéstia. A Sabedoria não é inimiga da ousadia, mas cultiva o sentido da boa medida. A boa medida não é o abandono à mediocridade. Todos os impérios foram e são filhos da loucura que tudo sacrificam por amanhãs que cantam. Ser grande, tornando os outros pequenos, é preparar a própria ruína. No entanto, ainda vai levar tempo a compreender que dominação não é poder. O verdadeiro poder é uma especial capacidade de servir, de tornar as pessoas mais pessoas e não as reduzir a números ou mercadorias. Os seres humanos não podem ser usados como meios. Não têm preço, têm dignidade a respeitar e a promover. Reduzi-los a mercadoria é praticar, de forma clara ou encapotada, a escravatura e rasgar a célebre Declaração dos Direitos Humanos».
«O desígnio da Igreja é universal, mas passaram-se décadas a sublinhar as raízes cristãs da Europa. Com razão. É verdade que as Igrejas, depois da separação no século XVI, não deram bons exemplos de respeito mútuo e de colaboração. Até à guerra recorreram. Cada uma pensava que tinha a “teoria de tudo” acerca de Deus, da verdadeira Igreja e do mundo».
«50 anos depois do Vaticano II, muita gente se queixa de que a união da Igreja Católica não é procurada nem promovida pelo respeito do pluralismo e do diálogo, mas pelo centralismo e pela exclusão das vozes e dos movimentos discordantes. Em vez de uma Igreja de todos e para todos, desenvolvem-se esquemas, preceitos e medidas que levam à pergunta: E nós, deixamos de ser Igreja?
Os movimentos cristãos dispõem de uma energia espiritual, de uma experiência junto dos mais pobres, dos doentes e dos excluídos, que devem contagiar aqueles que têm a “teoria de tudo”, mas não sujam as mãos na acção concreta».
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