Nota: Poema dedicado ao meu grande amigo Nélio, que num dia destes num terrível acidente em cabos de alta tensão ficou sem vários dedos das mãos. A labuta pelo BEM-COMUM tem custos altíssimos...
Sei de umas mãos que fazem os
dias nos raios do sol
No risco do trabalho fizeram
a vida do barro
Que os dedos enformam na
massa amolecida pelo suor
Que o engenho disse na
vontade que faz a BONDADE.
Sei de umas mãos que dizem na
articulação de uma fé
Não temem a dor e não sabem
do egoísmo que se abatem
Face às mãos da preguiça e da
inatividade do tempo
Pois disse: ó que desejo de
ver na paz o fruto da BELEZA.
Mas no fim na ausência dos
dedos pensaram o melhor de tudo
E quando os dias fizeram o
acidente as mãos choraram
Sangue e vazio na solidão de
uma perda incontida de vergonha
Que a incúria dos homens
ditou na crueza da VERDADE.
Agora na frieza da verdade cantamos
todos apesar de tudo
O milagre que se diz na
densidade da ESPERANÇA.
- Para ti já não podemos
dizer nunca mais:
«Vão-se os anéis ficam os
dedos».
José Luís Rodrigues
(Imagem Google)
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