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sexta-feira, 11 de maio de 2012

O silêncio que é tudo

A pergunta que Pilatos faz a Jesus é sintomática e a reacção de Jesus (ou a não reacção) é reveladora de como estamos perante uma dimensão inefável da comunicação. Pergunta o Político Pilatos: “O que é a verdade?” (Jo 18, 38).  A resposta de Jesus é profundamente esclarecedora. Isto é, Jesus remete-se ao mais profundo silêncio e deixa perceber que a verdade não tem outra definição senão o mais desconcertante silêncio. No entanto, não devemos esquecer que o mesmo Jesus já tinha ensinado que a verdade autêntica era a sua pessoa mesmo.
Como viver a verdade/silêncio hoje, neste tempo e neste mundo marcado mais pela não-verdade, pelo barulho, pela fealdade e pela mediocridade das atitudes? – No nosso tempo não parece fácil descobrir-se caminhos seguros que nos orientem pela certeza de tudo. Porque este é o tempo marcado profundamente pelo viver tão habitual do seguinte mito, como já denunciava Fernando Pessoa: “um nada que é tudo”.
Ou, então, ainda poderá ilustrar melhor, este tempo, a frase inesquecível do filme de “A vida é Bela” do realizador italiano, Roberto Begnini. Um senhor já de idade (o tio do protagonista) dizia esta frase lindíssima, quando percorria a sua casa cheia de objectos estranhos, mais ou menos inúteis mas cheios de memória, como que antecipando alguma pergunta curiosa de quem se surpreendesse com aquela colecção de velharias, adiantava: “Nada é mais necessário do que o supérfluo”.
O nosso tempo apresenta aspectos difíceis de enquadrar na dimensão desse tudo de Deus e a comunicação mais parece funcionar como mediação de negócio e de interesses pessoais ou colectivos. Mas, não pode esta constatação ser o último padrão da vida. Não se pode permitir que a visão redutora e medíocre das coisas da vida tenham a última palavra. Bem sabemos que a humanidade do nosso tempo, não parece voltada para a procura de soluções através da comunicação verdadeira, porém, não podemos ver-nos vergados aos mecanismos da superficialidade, da desordem e da não relação.
José Luís Rodrigues

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