Comentário à Missa do Próximo Domingo de Pentecostes
27 de Maio de 2012
A origem do
Pentecostes está intimamente ligada à Páscoa, celebrando-se sete semanas depois
da Páscoa, quer dizer, no 50º dia após a Páscoa e, por isso, a tradução grega
chamou-lhe Festa do Pentecostes ou festa do Quinquagésimo Dia.
No Antigo
Testamento hebraico era designada festa das (sete) Semanas. Era a festa da
colheita do trigo, enquanto a da Páscoa era a das primícias da cevada.
"Depois, contarás sete semanas, a partir do momento em que começares a
meter a foice nas searas. Celebrarás então, a Festa das Semanas, em honra do
Senhor." (Dt 16,10-12).
Inicialmente,
tal como a Páscoa, o Pentecostes ligava-se à fertilidade dos campos. Com a
história de Israel passou a ligar-se ao dom da Lei no monte Sinai, daí os rabinos
lhe chamarem a Festa do Dom da Lei (mattan Torá).
No tempo da
primeira comunidade cristã, Jesus enviou o Seu Espírito (o Espírito Santo)
precisamente na semana em que se celebrava a festa do Pentecostes. A descida do
Espírito sobre os Apóstolos aconteceu no meio de fenómenos semelhantes à
"descida" da Lei no monte Sinai, com o ruído de trovões, o fogo dos
relâmpagos, fumo, sismo (Act. 2,1-4 e Ex 19,16-19). O Espírito de Jesus, que
desce sobre o novo povo, é a nova Lei dos cristãos, mas este Espírito só desce
depois do conhecimento da Palavra de Jesus. Concluindo, o Pentecostes é a festa
do Espírito de Jesus, que nos vem da Sua Palavra conhecida, vivida,
anunciada.
Para nós
cristãos, a vida não teria sabor se não fosse a dinâmica do Espírito Santo. A
Igreja seria uma simples organização de homens e mulheres com interesses
mundanos. As celebrações litúrgicas seriam manifestações de diversão ou para
entreter os tempos livres. Os diversos grupos que formam a Igreja seriam
estruturas sem alma que promoviam a rivalidade e a concorrência. Os membros da
Igreja, seriam apenas funcionários que buscavam o poder pelo poder. A sede de
protagonismo ou a fama do mundo seriam as únicas motivações pelas quais todos
corriam de forma desmedida e sem escrúpulos. As palavras da Igreja seriam
iguais a todas as palavras pronunciadas pelas outras organizações do mundo. A
caridade seria solidariedade sem alma e sem abnegação desinteressada que só o
Espírito Santo enforma. O diálogo Igreja mundo seria pura diplomacia
interesseira com vista a ser pura propaganda.
Uma
infinidade de coisas que a Igreja é e faz que sem o dinamismo do Espírito Santo
seriam puro ativismo concorrencial mais interessado na promoção de alguns e
pouco aberto ao bem comum, isto é, sem interesse nenhum pela salvação de toda a
humanidade.
Assim sendo,
no dia de Pentecostes, descobre-se a universalidade do projeto de Deus - o
milagre das línguas nos Atos dos Apóstolos e a proclamação de São Paulo sobre a
diversidade, são provas dessa pretensão de Deus.
A mensagem
da Igreja, com a força do Espírito Santo, é o eco profético atento à realidade
da vida da humanidade, que denuncia e apela para a paz e para a libertação de
tudo o que violenta a dignidade da vida. E a vivência cristã de cada batizado, com
a força do Espírito Santo, torna-se sinal e luz para o mundo, empenhada na
construção de uma realidade cada vez mais justa e fraterna para todos. Tudo o
que não seja isto dentro da Igreja e em cada crente peca gravemente contra o
dinamismo do Espírito Santo.
José Luís
Rodrigues
(Imagem Google)
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