Quinta feira Santa:
«Se
Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés
uns aos outros» (Jo 13, 15).
Primeiro, Sacerdócio e a
Eucaristia São isto: «Pois bem, servir-te-ei Eu!», respondeu o Criador ao
homem. «Senta-te à mesa; farei eu o serviço: lavar-te-ei os pés. Descansa;
tomarei os teus males sobre os meus ombros; carregarei com todas as tuas
fraquezas. [...] Se estiveres fatigado ou sobrecarregado, levar-te-ei, a ti e à
tua carga, a fim de ser o primeiro a cumprir a minha lei: "Levai os fardos
uns dos outros" (Gal 6,2). [...] Se tiveres fome ou sede [...], eis-Me
pronto a ser imolado, para que possas comer a minha carne e beber o meu sangue.
[...] Se te levarem para o cativeiro ou te venderem, eis-Me aqui [...];
resgato-te pelo preço que derem por Mim. [...] Se estiveres doente, se receares
a morte, morrerei em vez de ti para que do meu sangue faças remédio para a
vida.» [...] (Beato
Guerric de Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense, 1º Sermão para os Ramos).
Segundo: O Padre António Vieira ensina o que é ou o que deve ser o Sacerdócio:
«Há homens que são como as velas; sacrificam-se, queimando-se
para dar luz aos outros». Sobre a Eucaristia ensina o seguinte: «O mistério da Eucaristia é o mais alto de todos os
mistérios, como o sacramento do corpo e sangue de Cristo é o mais levantado de
todos os sacramentos, previu o Senhor que havia de achar nele a fraqueza, e
descobrir a malícia maiores ocasiões de duvidar. Haviam-no de duvidar os
sentidos, e haviam-no de duvidar as potências; havia-o de duvidar a ciência, e
havia-o de duvidar a ignorância; havia-o de duvidar o escrúpulo, e havia-o de
duvidar a curiosidade, e onde estava mais ocasionada a dúvida, era bem que
ficasse mais expressa e mais ratificada a verdade. Por isso ratificou a verdade
de seu corpo debaixo das espécies da hóstia: Caro mea vere est cibus (A minha carna é verdadeira comida); por
isso ratificou a verdade de seu sangue debaixo das espécies do cálix: Et sanguis meus vere est potus – O meu
sangue é verdadeira bebida» (Sermão do SS.Sacramento, em Santa Engrácia 1645).
Conclusão: Os cristãos
celebram hoje a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. Se há muitos
momentos solenes na vida da liturgia cristã, as celebrações deste dia são de
uma importância crucial. A Eucaristia é a alma da Igreja e o Sacerdócio a ela
ligado, tornam-se duas dimensões da fé cristã essenciais para perceber e viver
a condição do ser cristão e do ser Igreja.
Para melhor refletir sobre a importância
deste dia, tomo a expressão da Ceia do senhor quando diz: «Fazei isto em minha
memória» (Lc 22, 19). Esta curta frase expressa de uma forma perfeita a razão
de ser da Eucaristia e do Sacerdócio. A Igreja não passaria de uma instituição
humana e mundana sem esta memória da vontade que brota do coração de Jesus
Cristo e de todo o Seu processo de Paixão, Morte e Ressurreição.
Dado este pressuposto a minha reflexão
para este dia centra-se na importância da memória viva que constitui o Corpo de
Jesus Cristo continuamente encarnado na história mediante o conjunto de batizados
que formam Igreja.
Tudo isto radica na maior e mais sublime
paixão de um amor. Como diria Virgílio Ferreira «estávamos prometidos um ao
outro desde toda a eternidade, como é próprio de um grande amor». O amor de
Deus é desde toda a eternidade essa radical paixão pela causa do homem e pela
sua redenção plena.
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