O texto do Filho Pródigo é sempre
daqueles textos da Sagrada Escritura que nos comovem profundamente. Porque nos
apresenta a infinita misericórdia de Deus (o papel do Pai), a dimensão do
arrependimento (o filho que cai em si) e a tendência humana para o egoísmo (o
Filho mais velho). Nesta tríplice dimensão circula a nossa vida.
Esta parábola conta a história de um homem que tinha dois filhos. O
filho mais novo resolve pedir ao pai a sua parte da herança e vai para uma
terra distante viver a vida como achava que deveria viver. Nessa terra distante
ele vai gastar cada centavo do seu dinheiro com todos os prazeres desta vida,
até que todo o dinheiro acaba e ele termina a mendigar. Mesmo assim ainda
consegue um trabalho como cuidador de porcos, tamanha era a fome que sentia,
que desejava alimentar-se com a comida dos porcos. Mas, bate em si o
arrependimento e lembra-se da casa do pai e resolve voltar. É recebido com uma festa pelo pai e rejeitado pelo o irmão mais velho.
O essencial da história do Filho Pródigo
está que a nossa fé deve crer de verdade que a misericórdia de Deus existe e
que serve para nos reconduzir à profundidade da vida em liberdade. Nenhuma
pessoa deve abdicar desta graça maravilhosa que Deus nos concede, mesmo que as
quedas para o erro sejam uma circunstância inevitável de toda a vida e da vida
de cada pessoa. Devemos saber que o grande amor de Deus não falha nunca e que
mesmo errando nos montes e vales que preenchem a existências neste mundo, somos
depois abraçados e convidados para festa do grande amor de Deus.
O Papa Francisco na Bula «O Rosto da Misericórdia», o texto da proclamação do Ano da Misericórdia, encontramos as seguintes ideias sobre a misericórdia de Deus. Aliás com frases
profundamente marcantes: «Quanto desejo que os anos futuros sejam permeados de
misericórdia para ir ao encontro de todas as pessoas levando-lhes a bondade e a
ternura de Deus». Feita proclamação do sonho daqueles que se assumem cristãos,
define qual é a ideia da Misericórdia de Deus: «A misericórdia de Deus não é uma
ideia abstrata mas uma realidade concreta, pela qual Ele revela o seu Amor como
o de um Pai e de uma Mãe que se comovem pelo próprio filho até o mais íntimo
das suas vísceras».
Mas perguntamos, onde ver claramente a
ser vivida essa ideia tão bonita de Deus? – A resposta pronta emana por aqui: «A
Pessoa de Jesus não é senão Amor, um Amor que se dá gratuitamente. O seu
relacionamento com as pessoas, que se abeiram d’Ele, manifesta algo de único e
irrepetível. Tudo n’Ele fala de Misericórdia. Nele, nada há que seja desprovido
de compaixão».
Esta passagem Bíblica, a Parábola do
Filho Pródigo, descobrimo-la magnificamente pintada num dos quadros de Rembrandt. Deus é Pai e Mãe, «...encheu-se
de compaixão, correu e lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos».
O verdadeiro alvo da pintura de Rembrandt são as mãos do
pai. Um dado de uma extraordinária riqueza simbólica e
teológica da obra é que as mãos com que o pai acolhe e abraça o filho são
diferentes uma da outra. Nelas se concentra
toda a luminosidade, a elas se
dirigem os olhares dos que estão próximos, nelas a misericórdia se personifica; nelas se unem perdão,
reconciliação e cura e, através delas, não somente o filho cansado, mas também o pai abatido, encontra
repouso.
A mão esquerda do pai tocando o ombro do
filho é forte, larga, viril, musculosa. Os dedos estão bem abertos e cobrem o ombro direito e parte das
costas do filho. Sem deixar de
expressar ternura e delicadeza na maneira com que o pai toca o filho, sua mão esquerda protege e fortalece, dá segurança e
oferece comunhão.
Nesta parábola é essencial descobrir-se Deus em quem o masculino e o feminino, a paternidade e a maternidade estão totalmente presentes. Mais
nenhuma entidade por mais bíblica que seja supera esta magnífica descoberta.
Para ser crente Cristão bastará seguramente este conteúdo para a sua fé.
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