Quarta feira da Semana Santa:
Primeiro: Jesus respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que vai entregar-Me»:
Primeiro: Jesus respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que vai entregar-Me»:
«Vede de que compaixão Cristo dá provas para com Judas, o homem que recebeu
tanto amor e, contudo, traiu o próprio Mestre; esse Mestre que manteve um
silêncio sagrado, sem o atraiçoar perante os companheiros. Com efeito, Jesus
poderia muito bem ter falado abertamente, revelando aos outros as intenções
ocultas e os actos de Judas; mas não o fez. Preferiu dar provas de misericórdia
e de caridade: em vez de o condenar, chamou-lhe amigo (Mt 26,50). Se Judas
tivesse olhado para Jesus de frente, como fez Pedro (Lc 22,61), teria sido
amigo da misericórdia de Deus. Jesus foi sempre misericordioso» (Beata Teresa
de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade, «Jesus,
a Palavra a proferir», cap. 8).
Segundo: «A traição, a inveja, o ciúme, as
fantasias demiúrgicas, a cobardia, o medo, o arrependimento, a catarse, a
prepotência, o abuso de poder, o conservadorismo e a ritualização vazia de
vida, o ódio aos heréticos, a punição dos delitos de opinião, o cinismo, a
boçalidade, as gargalhadas alarves, a falta de respeito pelos que sofrem, a
instrumentalização, a injustiça, a bondade, a resignação, a solidariedade, o
desejo de afectos, a dor, a mágoa, a raiva, a coragem, a determinação. Tantas
sensações, tantas memórias, tantas razões de reflexão para todos e para cada um
de nós!» (José Miguel Júdice).
Conclusão: A vingança mata
em todos os sentidos. Ora vejamos, nenhuma relação será possível dentro do
espírito da vingança, a não ser mesmo a intenção de matar e cortar a relação
com o outro. Depois da vingança ficam cerceadas todas a possibilidades de
encontro, todos os chamamentos ao encontro da festa do amor e da amizade. A
acontecer, a vingança, não permite mais qualquer possibilidade de encontro
fraterno.
António Damásio, o neurologista, que
considera que todas as nossas manifestações e reações estão centradas nas
emoções. Este estudioso ensina-nos que toda a maldade (a vingança) é
inevitável, existe em cada canto da vida e do mundo. A vingança, a inveja, a
raiva, o rancor, o ódio e o orgulho são aspetos «perfeitamente automáticos» - exatamente
o que vos referi no início do texto com outras palavras, é claro. Nenhuma
pessoa é toda maldade. O mal é o especto ou o momento circunstancial. O melhor
para a vida está no saber «viver com a tragédia e o privilégio de ter uma
regulação automática, compreender essa regulação, descobrir que há aspectos
dessa regulação que são magníficos – que nos levam ao prazer, à alegria – mas
também nos podem levar a atos completamente desvairados e à violência», diz o
mestre das emoções.
Por fim, a vingança não
tem nome na festa da alegria e da felicidade. Por isso, apesar de vermos este
espírito comandar muitos homens e mulheres, acreditamos para sempre com
Fernando Pessoa: «Tudo vale a pena se a alma não é pequena».
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