Domingo
II Páscoa. Uma achega de reflexão...
Não é nada fácil acreditar sem ver.
Todos nós temos experiências quotidianas que marcam profundamente essa
realidade. Não gostamos de receber ou comprar a coisa mais insignificante sem
primeiro vermos bem o que nos vai chegar às mãos.
Porém, Jesus garante-nos que a sua
ressurreição está sempre acontecendo. E serão muito felizes todos aqueles que
acreditarem sem terem visto concretamente a pessoa de Jesus em carne e osso.
Quer isto dizer que a ressurreição é uma realidade profundamente espiritual que
acontece no fundo da existência de cada pessoa que acredita de verdade.
Nenhum argumento prova de verdade que a
ressurreição aconteceu nem importa provar a ninguém que tal acontecimento é um
facto da história. A ressurreição mostra-nos claramente que a vida venceu a
morte e que com esse acontecimento inaugura-se o tempo escatológico da Acão do
Espírito Santo. A era do Espírito começa com as palavras de Jesus ressuscitado,
atestando que sem a ação transformadora do Espírito Santo nada será possível
realizar. Estamos diante da realização da promessa de Jesus: «Não vos deixarei
abandonados, vou enviar-vos o Espírito...»
Jesus
revela-nos agora que chegou o tempo do Espírito Santo e sem Ele nada pode ser
feito (este aviso também foi pronunciado várias vezes por Jesus). Por isso,
há-de ser o espírito que realiza o mais nobre ministério: “àqueles a quem
perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes
serão retidos”. Esta é a missão principal que Jesus confere aos Discípulos, que
consiste em promover a paz através do perdão dos pecados. Serão eles os
continuadores da misericórdia que Jesus trouxe do Pai para junto da humanidade.
Porém,
também estamos diante do mais que curioso episódio de Tomé, um dos doze, que
não estava presente por ocasião das primeiras aparições de Jesus. Claramente
nega tal facto e à maneira tipicamente humana, assegura que não acreditará sem
ver e sem tocar no lugar dos cravos.
A
expressão: «Vimos o Senhor», leva-nos a imaginar que deveria ser muita a
alegria que transparecia nos rostos dos Discípulos que corriam ao encontro de
Tomé para dar-lhe essa grande notícia. Não é que Tomé, um homem prudente, se
mostra incrédulo e joga bem alto! Mas querem enganar quem! «Não acredito sem
ver e tocar!» – dirá profundamente seguro de si mesmo. Porém, logo depois
também afirmará com grande convicção: «Meu Senhor e meu Deus». A fé em Cristo ressuscitado,
é o outro nome da felicidade, porque é a possibilidade última para o único
sentido da vida que salva, a eternidade. Não recusemos ser felizes por nada
deste mundo.
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