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É uma pergunta que tem andado de boca em
boca de alguns cristãos católicos. Tenho sido frequentemente confrontado com
esta pergunta e com mais outras duas, a Igreja Católica aceita a cremação? E que
diz a Igreja sobre a cremação? Para a primeira pergunta convém que se diga logo,
não é pecado a cremação ou incineração dos corpos.
Mas, por que carga de água seria pecado?
– Não teria lógica nenhuma se fosse… É próprio da humanidade, que depois de ser
confrontada com a morte dos outros, os vivos empreendam um destino que dê fim
aos cadáveres. Obviamente, que esse destino deve ser com dignidade, honestidade
e respeito. Para essa prática ensina a Igreja Católica desde sempre que é uma
obra de misericórdia e há textos bíblicos que falam desta prática. Assim, se a
cremação é um destino que põe fim a um corpo físico já morto, que tenha
manifestado vontade em vida para que lhe dessem aquele destino e os familiares mais
próximos agora não se opõem a tal, deve ser realizada a cremação.
Para as outras perguntas relacionadas
com a Igreja, bastaria que se dissesse que o ritual das exéquias prevê leituras
e orações para a realização da cerimónia da cremação. Só por aqui se prova que
a Igreja Católica hoje não se opõe a esta prática, pelo contrário, já a prevê
nos livros exequiais.
Houve um tempo em que a Igreja Católica
proibia a cremação dos corpos. Daí andarem estas perguntas a inquietar algumas
pessoas. Esta proibição aconteceu logo após a Revolução Francesa quando as
pessoas, que se confessavam descrentes da vida eterna e da ressurreição dos
mortos, cremavam os cadáveres para «atestar» que não haveria maneira de Deus
ressuscitar ninguém. Uma ideia descabida.
Contudo com o passar dos tempos o clima anti
religioso amainou, a cremação deixou de ser uma forma de protesto, por isso,
cessou a proibição. O Papa Paulo VI, em 1963, publicou a Instrução «Piam et constantem», sobre o assunto.
Neste documento ficou dito entre uma série de coisas sobre o destino final dos
corpos: «Não se trata, pois, de algo intrinsecamente mau ou
contrário em si à religião cristã; foi o que a Igreja sempre pensou, pois de
fato, em certas circunstâncias - estando seguro que a cremação dos corpos é
feita com a intenção honesta e por motivos sérios, especialmente de ordem
pública - ela não se opôs, como não se opõe, à incineração».
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Quanto à legislação, ela também existe na Igreja Católica no Código de
Direito Canónico, está no cânon 1176, que diz:
Cân. 1176 § 1. Devem-se conceder exéquias eclesiásticas aos fiéis
defuntos, de acordo com o direito.
§ 2. As exéquias eclesiásticas, com as quais a Igreja suplica para os
defuntos o auxílio espiritual, honra seus corpos e, ao mesmo tempo, dá aos
vivos o consolo da esperança, sejam celebradas de acordo com as leis
litúrgicas.
§ 3. A igreja recomenda insistentemente que se conserve o costume de
sepultar os corpos dos defuntos; mas não proíbe a cremação, a não ser que tenha
sido escolhida por motivos contrários à doutrina cristã.
Posto isto, descansemos a alma e o espírito. Sem fugir às leis em vigor e a tradição cultural do lugar onde se vive, basta que qualquer destino
final do nosso corpo após a morte seja digno e que se realize esse momento
derradeiro com honestidade e respeito. É isso que exigem os defuntos e os vivos.
Porém, pensemos sempre mais na vida e muito menos na morte.
1 comentário:
Lembra-te oh homem que és pó e, que em pó te transformarás. Assim sendo ,julgo que estou devidamente esclarecido. Já tinha declarado aos meus descendentes tal desejo. Obrigado Caro amigo padre José Luís.
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