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segunda-feira, 20 de junho de 2016

É pecado ser cremado?

Imagem Google
É uma pergunta que tem andado de boca em boca de alguns cristãos católicos. Tenho sido frequentemente confrontado com esta pergunta e com mais outras duas, a Igreja Católica aceita a cremação? E que diz a Igreja sobre a cremação? Para a primeira pergunta convém que se diga logo, não é pecado a cremação ou incineração dos corpos.
Mas, por que carga de água seria pecado? – Não teria lógica nenhuma se fosse… É próprio da humanidade, que depois de ser confrontada com a morte dos outros, os vivos empreendam um destino que dê fim aos cadáveres. Obviamente, que esse destino deve ser com dignidade, honestidade e respeito. Para essa prática ensina a Igreja Católica desde sempre que é uma obra de misericórdia e há textos bíblicos que falam desta prática. Assim, se a cremação é um destino que põe fim a um corpo físico já morto, que tenha manifestado vontade em vida para que lhe dessem aquele destino e os familiares mais próximos agora não se opõem a tal, deve ser realizada a cremação.
Para as outras perguntas relacionadas com a Igreja, bastaria que se dissesse que o ritual das exéquias prevê leituras e orações para a realização da cerimónia da cremação. Só por aqui se prova que a Igreja Católica hoje não se opõe a esta prática, pelo contrário, já a prevê nos livros exequiais.
Houve um tempo em que a Igreja Católica proibia a cremação dos corpos. Daí andarem estas perguntas a inquietar algumas pessoas. Esta proibição aconteceu logo após a Revolução Francesa quando as pessoas, que se confessavam descrentes da vida eterna e da ressurreição dos mortos, cremavam os cadáveres para «atestar» que não haveria maneira de Deus ressuscitar ninguém. Uma ideia descabida.
Contudo com o passar dos tempos o clima anti religioso amainou, a cremação deixou de ser uma forma de protesto, por isso, cessou a proibição. O Papa Paulo VI, em 1963, publicou a Instrução «Piam et constantem», sobre o assunto. Neste documento ficou dito entre uma série de coisas sobre o destino final dos corpos: «Não se trata, pois, de algo intrinsecamente mau ou contrário em si à religião cristã; foi o que a Igreja sempre pensou, pois de fato, em certas circunstâncias - estando seguro que a cremação dos corpos é feita com a intenção honesta e por motivos sérios, especialmente de ordem pública - ela não se opôs, como não se opõe, à incineração».
Imagem Tribuna da Madeira
Quanto à legislação, ela também existe na Igreja Católica no Código de Direito Canónico, está no cânon 1176, que diz:
Cân. 1176 § 1. Devem-se conceder exéquias eclesiásticas aos fiéis defuntos, de acordo com o direito.
§ 2. As exéquias eclesiásticas, com as quais a Igreja suplica para os defuntos o auxílio espiritual, honra seus corpos e, ao mesmo tempo, dá aos vivos o consolo da esperança, sejam celebradas de acordo com as leis litúrgicas.
§ 3. A igreja recomenda insistentemente que se conserve o costume de sepultar os corpos dos defuntos; mas não proíbe a cremação, a não ser que tenha sido escolhida por motivos contrários à doutrina cristã.
Posto isto, descansemos a alma e o espírito. Sem fugir às leis em vigor e a tradição cultural do lugar onde se vive, basta que qualquer destino final do nosso corpo após a morte seja digno e que se realize esse momento derradeiro com honestidade e respeito. É isso que exigem os defuntos e os vivos. Porém, pensemos sempre mais na vida e muito menos na morte. 

1 comentário:

Espaço do João disse...

Lembra-te oh homem que és pó e, que em pó te transformarás. Assim sendo ,julgo que estou devidamente esclarecido. Já tinha declarado aos meus descendentes tal desejo. Obrigado Caro amigo padre José Luís.