É este o nome para a criança «milagre»
da ciência, que no meu singelo pensar, prefiro crer se tratar de um milagre do
amor, que quando se faz presente faz quebrar até as cadeias da morte, e a vida
rebenta pujante cheia de frutos.
O Lourenço é a criança que uma mãe,
Sandra Pedro de 37 anos ligada às máquinas com morte cerebral, guardou no
ventre durante 4 meses, para que com a ajuda da ciência, a dedicação de uma
equipa médica e de enfermagem excelentes no Hospital de São José em Lisboa, no
tempo necessário pudesse ver a luz. Assim foi, nasceu o Lourenço, o nome que a
mãe desejava e que logo depois o pai acrescentou o nome Salvador. Lourenço
Salvador, será o seu nome.
Vamos então rebuscar alguns ingredientes
para rechear este banquete sobre o nome do Lourenço Salvador.
O nome Lourenço faz lembrar um santo diácono
do século III da era cristã ao tempo do Papa Sisto II. Ambos foram executados
por ordem do imperador romana Valeriano. Ambos serão martirizados no contexto da
perseguição contra os cristãos, movida por Valeriano, por volta do ano 258. O
Papa foi decapitado e Lourenço foi grelhado.
Segundo as tradições, quando o Papa São
Sisto se dirigia ao local da execução, São Lourenço ia junto dele e chorava. «aonde vai sem o seu diácono, meu pai?»,
perguntava-lhe. O Pontífice respondeu: «Não
pense que te abandono, meu filho, pois dentro de três dias me seguirás».
Após a execução do Papa, o imperador obrigou
a Igreja a entregar as riquezas no prazo de 3 dias. Passados três dias, São
Lourenço levou as pessoas que foram auxiliadas pela Igreja e muitos cristãos foram
levados adiante do imperador. Depois, exclamou a seguinte frase que lhe valeu a
morte: «Estes são o património
(riquezas) da Igreja». O imperador, furioso e indignado, mandou
prendê-lo e ser queimado vivo sobre um braseiro incandescente, por cima de uma
grelha. A tradição católica diz que o santo conservou o seu bom humor mesmo até
quanto era executado, dizendo aos que o queimavam: «podem-me virar agora, pois este lado já está bem assado». Desejo
que o Lourenço do ano 2016 seja assim um valente homem.
Vamos uma palavra sobre o nome Salvador.
Quando me toma de assombro a notícia do extraordinário do nascimento do
Lourenço, amouxei o entusiasmo quando vejo a circular a notícia que a criança
ficaria aos cuidados dos avós, porque o pai a recusava por não reunir as
condições necessárias para a tratar convenientemente. Porém, passado pouco
tempo a notícia veio em sentido contrário, o pai aceita a criança e diz até
«que foi a melhor coisa que lhe aconteceu e qua deseja acrescer ao nome de
Lourenço mais outro nome tão significativo, Salvador. Não preciso dizer-vos que
me emocionei e que fiquei radiante. O «milagre» do amor agora está completo.
Salvador é o nome maior da nossa
tradição cristã. É o nome de Jesus Cristo. É Ele o Salvador. É do Salvador que
se aprende que o único milagre que existe é o da vida, que se recebe o
condimento do amor em todas as circunstâncias, ela desabrocha solene e feliz.
Por isso, no Lourenço Salvador, vemos em
toda a sua plenitude a razão de ser da frase essencial do Salvador: «se o grão
de trigo lançado à terra não morrer, ficará só. Mas se morrer, dará muito fruto»
(Jo 12,24).
Agora deve ser permitido crer que o grão
de trigo neste caso chama-se Sandra Pedro, a mãe que a vida neste mundo não
permitiu existir além do necessário, mas que será sempre mãe de outra forma e
noutra dimensão. O fruto novo desse grão que morreu, tomou o nome de Lourenço
Salvador, que seja um valoroso homem e que a sua vida seja duplamente fértil
para que salve muitos por onde passar. Bastará que a este menino não lhe faltem
braços que o aconcheguem para o tratar com todo o cuidado, amor e carinho. São
estes os raios do milagre da vida.
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