Dia mundial da criança.
A Joana (nome fictício) é pequenina, mas
viva como são vivos os lírios do campo, quando baloiçam suavemente pela brisa
da tarde. É de uma doçura tão forte que sobressai naturalmente
pelo sorriso e pelas palavras articuladas como se fosse uma pessoa adulta, cheia de experiência.
O diálogo com ela escorre sem papas na
língua e todo ele cheio de seriedade. Imediatamente remata: «tenho um pecado
só», diz qual o teu pecado, como se dali rebentasse uma bomba que estava a dar
cabo de meio mundo.
- Nasceu o meu primo, agora todas as
atenções vão para ele, antes eram para mim, por isso eu não gosto muito dele.
Bom, é mesmo uma bomba que precisa de
ser desarmadilhada.
- Sabes que cada criança que nasce é um
dom maravilhoso de Deus, é a imagem de Deus, mas muito frágil, precisa de
comida, de andar limpinha e mais do que tudo precisa de muito carinho. Por
isso, os adultos têm que lhes dar todas as atenções do mundo, para que não
fique com fome, não chore e não ande sujinha. O que achas?
- Pois, não tinha pensado nisso.
- Mais ainda deves pensar que aquelas
pessoas que antes te davam todas as atenções também agora o fazem, mas de outra
maneira, porque elas tinham um coração grande, onde cabem muitas crianças, por isso Deus enviou-lhes mais
uma criança para que elas guardem dentro dos seus corações.
- Ah… Está bem. Tenho ainda mais uma
coisa que gostaria de dizer.
- Diz!
- Não gosto de fazer os «trabalhos de
casa» (TPC's).
- Fazes bem não gostar. Porque não devia
haver «trabalhos de casa». Após a escola, as crianças deviam ter tempo para
brincarem com os pais, com os irmãos, com os amigos, com os primos… Deviam
fazer outras coisas que não fossem da escola.
- Eu também penso isso.
-Tens que arranjar uma claque de amigos
na escola para dizerem à professora que não mande trabalhos para casa.
- Pois, eu tenho amigas. Mas elas gostam
de fazer «trabalhos de casa». Vou ter que arranjar outras. Sabe que eu já namoro. Eu já dei um beijo na boca do meu namorado...
- Sim… E que tal?
- É suave.
Fartei-me de rir interiormente. Porque
esta criatura do alto dos seus nove anos fez-me passar um momento muito
divertido. Vais longe Joana e espero andar por aí para me alegrar com o teu
sucesso.
Este foi o meu contributo/testemunho na minha área para o trabalho da Patrícia Gaspar no Diário de Notícias sobre o Dia da Criança. Testemunho dado pelo telefone.
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