Reflexão para o domingo
XXXII Tempo Comum. Pode servir a quem vai à missa habitualmente no fim de semana, mas não só...
Nos textos da missa deste domingo descobrimos
outra vez que o nosso Deus é um Deus de vivos e não de mortos. Esta fé que dá
forma e conteúdo a cada um de nós e a toda a comunidade reunida, é o centro da
vida cristã. Somos chamados a proclamar que Deus é o Senhor da vida, que em
Jesus fez com que a morte fosse vencida e apontou o caminho para a certeza da
ressurreição, não apenas para Cristo, mas também para todos os que acreditarem
Nele.
Este é o Deus dos vivos, porque detesta
tudo o que seja causa de morte. Por isso, chama-nos à vida ressuscitada
constantemente. Apenas requer de cada um a fé segura nessa certeza revelada
pela sua palavra. Digamos assim como dizia um escritor famoso (Dostoievski): «Comecei
a amá-lo e me alegrei com o seu amor. Será possível que Ele me apague e a minha
alegria se transforme em nada? Se Deus existe, também eu sou imortal». Ora bem,
esta fé em Deus, como dimensão de vida para todos os momentos, dá-nos o sentido
da nossa existência. E com isso divinizamo-nos, somos a glória viva de Deus. É
sempre necessário acender a luz da fé nessa possibilidade de plenitude.
Porquê ressurreição e não reencarnação
como tantas vezes falam muitas pessoas, desabafando que estão tentadas a
acreditar na reencarnação e menos na ressurreição? – Vou centrar esta curta reflexão
na ressurreição e depois cada um que faça a sua síntese.
Há quem pense que falar e apelar para
ressurreição faz parte do «ópio do povo», que se destina a adormecer as pessoas
para que não lutem por um mundo onde fale mais alto a justiça, pode ser uma
evasão aos problemas e dificuldades da vida, e pode ser ainda mais uma ilusão
que engana meio mundo projetando as pessoas para um futuro ideal tornando-as
inconscientes face ao presente…
A ressurreição não é, portanto, o reviver
do corpo morto, mas antes é uma esperança que dá sentido à vida segundo o
ensinamento cristão. Cristo ressuscitou e quem se identificou cristãmente
falando, ressuscitará com Ele para a vida nova e definitiva, na imensidão do
mistério que o após fronteira da morte esconde.
Sem sabermos ao certo como será esse
futuro, a esperança na ressurreição, permite viver o presente tranquilamente,
confiante, alegre e feliz, mesmo que não possa livrar-se do sofrimento e das
contingências próprias do viver histórico, mas esperamos por essa nova realidade
com coragem e sem medo. Estes sentimentos ajudam imenso a vencer o desespero e
a encontrar o sentido da vida.
Nada disto deve ser considerado
alienação, mas antes a certeza que é possível envolver-se na construção do
mundo na base da justiça, esse horizonte deve influenciar as nossas opções, os
valores, as atitudes… Esta certeza deve fazer-nos lutadores contra todas as
formas de morte que dominam o mundo em que vivemos, para que uma nova realidade
de vida em abundância para todos comece a desejar-se com o nosso contributo
desde já.
No entanto, não podemos cair no
ridículo. A vida de hoje permite tantas respostas e assegura tantas certezas
que não podemos apresentar a ressurreição como se fosse dois e dois dá sempre quatro,
devemos confessar a nossa incapacidade para explicar o que nos espera, façamos
como alguém que se prepara para uma viagem a um país que nunca visitou,
obviamente, que a internet e outras formas de comunicação podem antecipar muita
coisa do que lá existe, mas nunca como estar presente na realidade concreta. Não
tenhamos medo do viver que termina na morte. Pois, está assegurada uma vida
nova. Que isso nos anime na esperança em todos os momentos da vida.
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