Comentário à missa do domingo XXXIV – Cristo Rei – Ano C
A
realeza de Cristo, é totalmente diferente daquela que é assumida e exercida
pelos reis deste mundo. Como podemos reparar Cristo não é em nenhum momento um
rei todo-poderoso, rodeado de exércitos ávidos de combate e de poder nem muito
menos de afilhados e padrinhos sedentes das benesses e dos dinheiros que o
poder confere.
Pelo
contrário, dirá com veemência: «o Meu Reino não é deste mundo». De que Reino
fala Jesus? - Antes, o Reino que terá o rei dos famintos, dos que têm sede de
justiça, dos peregrinos, dos sem roupa, dos doentes e dos presos. Ele é rei.
Mas um rei que não se coaduna com as injustiças sociais, pessoais e
institucionais. E a sua morte na Cruz é o resultado da sua acção contra tudo o
que não promove a dignidade da vida e do amor entre os homens. É o preço a pagar
pela sua radical preferência pelos desafortunados deste mundo.
Jesus
é rei de um Reino outro, onde o entendimento entre todos emerge como o
resultado da fraternidade e da partilha. O Reino de Jesus não está de acordo
com a mentalidade da cultura onde predomina o mais forte sobre o mais fraco.
Neste Reino, não podem existir pacificamente os lugares da morte e do
sofrimento nem podem ser tolerados os caminhos da pobreza e da miséria que
resultam da corrupção e das influências das amizades, do «lambebotismo» e das
lutas de uns contra os outros com a traição, a bajulação e tudo o que a
ganância pelo poder implica. É necessário fazer surgir outros valores e outros
caminhos que proporcionem o bem-estar igual para todas as pessoas.
Somos
todos chamados não a zombar de Jesus, como fizeram os descrentes do seu tempo,
mas a acolher com verdade e sinceridade que é possível mudar as coisas do
mundo. Cada um é chamado a procurar no lugar da sua existência formas e modos
de encarar as relações com os seus semelhantes de forma mais humana e mais
cristã.
Neste
sentido, é urgente deixarmos que o nosso coração não seja tão ávido de poder e
domínio. E melhor será para a felicidade se facilmente aprendermos que o rei
que parece morrer à mão dos algozes da sociedade judaica, está vivo e reina no
coração de muitos homens e mulheres que sabem conduzir as suas acções pela
disponibilidade, a simplicidade e a humildade, a transparência, a justiça e a
honestidade. Cristo é o rei da vida para todos.
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