Fora da América as expetativas de que
não ganharia Donald Trump, era mais que segura, as sondagens, mesmo que por uma
unha negra foram alimentando esse desejo até à vitória de Donald Trump.
Porém, já devíamos ter aprendido há
muito que as sondagens por todo o lado começam a falhar em toda a linha e há muito
que devíamos também ter percebido que em democracia qualquer maluco pode chegar
à vitória, basta que encontre condições para concorrer. Donald Trump se chega à
reta final das eleições reúne todas as condições para ganhar, foi o que aconteceu.
E não é por causa disso que vou sair para a rua a gritar contra aquela porção
de pessoas da América que votaram em Trump, que são esquisitos, doidos,
aventureiros e que América é mesmo assim, um país irresponsável onde tudo é
possível.
O que interessa salientar é que a
eleição de Trump, a meu ver traz-nos uma lição que não podemos descurar e
aprender com ela. Trump é uma criação dos políticos que têm governando a
América. Preparemo-nos, porque outros se seguirão pelo mundo fora. Vamos
esperar pelas eleições em França no próximo ano e logo veremos como Marine Le
Pen vai brilhar.
Esta deriva eleitoral para o
conservadorismo populista resulta das políticas contra as maiorias. O que fazem
os políticos (ditos habituais ou normais) depois eleitos à conta de promessas
de que o sonho agora é que vai ser, mas logo se esquecem disso e fazem tudo o
que outros faziam, privilegiar as clientelas contra o bem estar das maiorias.
Por portanto, Trump e outros trumpistas
que daqui venham são produto das políticas armamentistas, das guerras
intermináveis que semeiam a morte e a deslocalização de povos inteiros, dos
países do médio Oriente destruídos com base em mentiras, do financiamento de
grupos terroristas, das políticas diplomáticas em favor dos interesses contra
os povos, a tolerância de uns ditadores e o desrespeito das decisões
democráticas de determinados povos se tais decisões beliscam os interesses dos
países «donos disto tudo» e das medidas em favor dos grandes privilegiados das
multinacionais que à conta do lucro desenfreado prejudicam o mundo inteiro...
Os povos estão mais que «fartos» de
serem enganados, sugados pelos impostos desmedidos, da corrupção que rouba descaradamente
e impunemente o bem comum… Uma serie de fatores que nesta hora não podemos
descurar e lembrar para que a leitura dos acontecimentos seja feita com serenidade
e corresponda à verdade.
Não basta dizer que a América é assim ou
assado e culpar exclusivamente os eleitores. Também não se pense que concordo
com as ideias do Trump e com os trumpistas que beneficiam da democracia para
fazer vingar as suas ideias fascistas ou que me submeto pacificamente ao que
aconteceu. Obviamente, que não! Mas procuro alargar a reflexão para tentar
perceber que os criadores dos populismos loucos que vão aparecendo no mundo, têm
responsáveis bem identificados e seguramente que não é só o povo a que se deve
atribuir as culpas ou fazer dele o bode expiatório do descalabro em que
mergulha o mundo.
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