Puuuuuu… Puuuuu. Puuuuu…. Não é
para agrupamento de povo, pagamento de leite ou casa a arder, que o búzio chama
às duas horas da madrugada nas Fontes e Furnas da Ribeira Brava. Todos conhecem
aquela voz a tais horas da noite.
Traduzida numa linguagem popular, quer
dizer: Para a "Missa do Parto"… Para a "Missa do Parto"…
Para a Missa do Parto". E em todas as casas acordam pessoas e luzes. (…).
Reúnem-se todos no terreiro da vereda do João Pequeno ou da do Manuel das
Ascensões e, quando já não esperam mais ninguém, põem-se em marcha para a Vila.
Duas horas de viagem, por caminhos serenados e ladeiras de matar. Avançam ao
som dos instrumentos regionais, dos búzios e de muitas dezenas de castanholas.
(…).
Todos tocam acordando as gentes. À
medida que o grupo avança, outros se vêm juntar, de modo que ao chegarem ao
Pico da Banda de Além e à Cruz, ecoam na Vila, dando a impressão de que um
bando de grilos gigantescos a vêm invadir. Contudo, ninguém tem medo. (…)
Reunidos todos os tocadores de castanholas, começam então a dar voltas à
pequenina Vila e não há quem resista, quem deixe de ir à "Missa do
Parto". São as festas do Natal que começam. Daí a momentos, às quatro e
meia da manhã, estarão todos, ricos e pobres, senhores e plebeus, na igreja,
pequena de mais para tanta gente, a cantar com todo o calor: «Ao Menino
nascer./ Que gosto teremos! / Oh! Quanto felizes /Todos nós seremos! / Anjos e
pastores, / Vinde em harmonia, / A louvar o parto / Da virgem Maria».
In O Natal na Madeira, Pe. Pita Ferreira
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