Nota da redação do blogue: Mais umas «vergastadas» sobre o clero, os padres.
Homilia do Papa Francisco na Casa Santa Marta 13 de dezembro de 2016, que
fazemos eco neste banquete. Foi tirado da Rádio Vaticano. Vale a pena ler com
atenção. Serve para padres, mas também para todos os cristãos. Muito mal
andamos com a chama do clericalismo em punho, porque parece ser a resposta mais
fácil ao anticlericalismo. E como andamos tão errados. A principal culpa do
anticlericalismo está dentro do clero. Ainda esta semana alguém me contava que
a sua filha jovem não quer ouvir falar de igrejas e nem muito menos de padres,
porque na primeira comunhão foi literalmente massacrada 3 horas dentro da
igreja… Oxalá, estas palavras do Papa nos façam despertar para a sobriedade nas
palavras e que o mistério sacerdotal exista sempre em função do bem das
pessoas. Vaidades, soberbas e prepotências, são males, «pecados» anacrónicos que
não libertam ninguém, mesmo que por momentos encham o ego de alguém. Vamos a
isto…
«Mas uma lei que eles refizeram inúmeras vezes: tantas
vezes até chegar a 500 mandamentos. Tudo era regulado, tudo! Uma lei
cientificamente construída, porque essas pessoas eram sábias, conheciam bem.
Faziam todas essas nuances, não? Mas era uma lei sem memória: tinham esquecido
o primeiro mandamento, que Deus deu ao nosso pai Abraão: “Caminha em minha
presença e seja irrepreensível”. Eles não caminhavam: sempre estiveram parados
nas próprias convicções. E não eram irrepreensíveis!»
Eles – prossegue o Papa – “haviam
esquecido os Dez Mandamentos de Moisés”: “com a lei feita somente por eles”,
“intelectual, sofisticada, casuística”, “cancelam a lei do Senhor”. E a vítima,
assim como foi Jesus, todos os dias é o “povo humilde e pobre que confia no
Senhor”, “aqueles que são descartados”, destaca o Papa, que conhecem o
arrependimento também se não cumprem a lei, mas sofrem estas injustiças.
Sentem-se “condenados”, “abusados”, sublinha outra vez o Papa por quem é
“presunçoso, orgulhoso, soberbo”. “Um descarte destas pessoas”, observou o
Papa, foi Judas:
“Judas foi um traidor, pecou fortemente, eh! Pecou com
força. Mas então o Evangelho diz: “Arrependido, foi a eles dar de volta as
moedas”. E eles o que fizeram? “Mas você foi nosso ‘sócio’. Fica tranquilo...
Nós temos o poder de perdoar tudo!”. Não! “Te vira. É um problema teu”. E o
deixaram sozinho: descartado! O pobre Judas traidor e arrependido não foi
acolhido pelos ‘pastores’. Porque eles haviam esquecido o que é ser um pastor.
Eram os intelectuais da religião, aqueles que tinham o poder, que levavam
adiante as catequeses do povo com uma moral feita pela sua inteligência e não a
partir da revelação de Deus”.
“Um povo humilde descartado e surrado
por esta gente”: também hoje, é a observação de Francisco, acontecem estas
coisas na Igreja. “Há aquele espírito de clericalismo”, explica: “os clérigos
se sentem superiores, se afastam das pessoas”, não têm tempo para escutar os
pobres, os que sofrem, os presos, os doentes”:
“O mal do clericalismo é uma coisa muito feia! É
uma nova edição desta gente. E a vítima é a mesma: o povo pobre e humilde, que
tem esperança no Senhor. O Pai sempre procurou se aproximar de nós: enviou seu
Filho. Estamos esperando, uma espera alegre e exultante. Mas o Filho não entrou
no jogo desta gente: o Filho foi com os doentes, os pobres, os descartados, os
publicanos, os pecadores – é escandaloso isso... – as prostitutas. Também hoje
Jesus diz a todos nós e também a quem está seduzido pelo clericalismo: “Os
pecadores e as prostitutas entrarão primeiro no Reino dos Céus”.
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