Comentário à missa deste domingo
II Advento. Pode servir a quem vai à missa, mas não só...
João Baptista é um sinal muito forte de
que Deus nunca se esquece da humanidade e que apenas aguarda por uma ocasião
propícia para fazer acontecer a sua vontade.
João é aquele que vem à frente proclamar
a chegada do Messias, é chamado o precursor. Este é aquele de quem diz o profeta
Isaías o seguinte: «Uma voz clama no deserto: “preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas. Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes
e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas
escarpadas; e toda a criatura verá a salvação de Deus”».
Tudo começa no deserto, esse lugar sem
sentido, porque faz abundar a fome e a sede, mas também pode ser um lugar de
discernimento da luz de Deus, que convida para a acção e nos revela caminhos
para a vida.
Os desertos actuais, são os lugares da
doença, do egoísmo, do ódio, da guerra, dos vícios, que provocam sofrimento,
dor e abandono. Estas são as farturas geradas pela frieza do coração humano. Mas
nesses momentos de deserto, que ninguém está livre de atravessar, pode em
qualquer momento descobrir a presença afectiva de Deus que propõe outro modo de
vida e outros caminhos que conduzam à felicidade. A conversão é o mote.
Neste ambiente de introspeção necessária
para a conversão, que nos ajuda a recolocar a cabeça perdida com tantas coisas
desnecessárias deste mundo, o poeta, romancista, músico e dramaturgo indiano Rabindranath
Tagore, diz-nos do essencial neste poema com o título: ADVENTO.
Morria a noite… Um murmúrio corria
De boca em boca:
O MENSAGEIRO! O MENSAGEIRO! Aí vem
O MENSAGEIRO!
Inclinei a cabeça e perguntei: vem já?
De todas as partes parece que estalava
O sim da resposta.
O meu pensamento, atormentado, dizia:
Não tenho ainda pronta a cúpula do meu
palácio
Nada está completo.
Veio uma voz do céu:
Derruba o teu palácio.
Porquê? – perguntou o meu pensamento.
Porque hoje é o dia da chegada,
E o teu palácio estorva a passagem!
(R. Tagore)
- Com isto, continuemos
felizes a alimentar a alegria da esperança, mesmo que às vezes tenhamos que perder a cabeça.
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