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quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Manifesto de Natal contra a paz dos túmulos

1. A paz não pode ser uma farsa. Quando a paz é uma farsa não é paz e se for é como a paz dos túmulos. Bela por fora podre por dentro.

2. A avalanche natalícia de jantares solidários e a prática geral da cabazada para ajudar as famílias no Natal, são uma manifestação dessa tal farsa da paz. Os farsantes dessa paz, desejam-na e a alimentam-na para que tudo se mantenha sossegado, para que ninguém reclame que tem direitos, que precisa de trabalho e dignidade. Uma vergonha cada reportagem na televisão sobre estes eventos. Porque, são momentos humilhantes para quem é vítima de uma instrumentalização indecente. Esta paz fica bonita na televisão. Está o presidente. O secretário. O jogador. O líder. O chefe… Esta paz é branca. Esta paz é pálida. Está moribunda.  

3. Estas ações servem para criar uma cortina onde se esconde a miséria de um povo espoliado e votado à desgraça da desigualdade que estes zelosos farsantes da paz levaram a cabo pelas medidas injustas, pela incompetência diariamente confirmada, pela insensibilidade do que é precisar de um trabalho digno para vencer as dificuldades e ser autor da sua própria história. É um crime a paz podre dos túmulos quando a sociedade é desigual e quanto está repleta de injustiças.

4. O discurso de que haverá um Natal mais feliz para alguém porque se dá um cabaz perante as câmaras da televisão, é uma infâmia, porque se pretende esconder as graves necessidades que passam diariamente tais pessoas. Assim, com estas práticas não se dá conta, não se pensa nem se faz pensar como resolver as graves violências que são levadas a cabo contra as pessoas, incluindo várias vezes o próprio Estado. Deveríamos suspender o Natal durante alguns anos até que terminasse esta lógica da paz dos túmulos.
5. O lugar do povo que recebe bem, a exaltação das paisagens e do clima temperado ou de microclimas, é por vezes, uma só face de uma moeda, que ajuda a distorcer a realidade e que ajuda a esconder os perigos que nos assistem, o desmazelo, a incivilidade e a desigualdade social. A paz que se anuncia é apenas um rebuçado. Por isso, a paz devia ser proibida, quando só aparece no Natal para salvar a pele e a face de alguém. Esta paz que se organiza interesseiramente não é seguramente a do Natal. Também não é a que desejo nem muito menos aquela de que almeja o mundo e a sociedade onde vivemos, porque se for, nunca passaremos da paz dos túmulos.

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