1. Infelizmente, esta pergunta não me
sai da cabeça. Os natais, são sempre a festa da vida, da tolerância, da
universalidade, do apelo ao amor para todos e entre todos. Porém, não é isso
que se vê e que se sente. As matanças continuam, porque a desvalorização da
vida humana é uma sombra que sempre acompanhou e não parece que vá deixar de
fazer parte da humanidade. Mata-se um ser humano como se mata um mosquito que
poisou sobre a parece onde dormimos e ameaça vir contra nós com uma ligeira
picadela.
2. Os avanços tecnológicos que nos
assistem são surpreendentes, a investigação e criatividade científica são
maravilhosas, a beleza de tanto altruísmo é desconcertante por todo o lado, a
riqueza humana é incalculável… Mas, persiste o pior da humanidade, que se
define pelo seu contrário, a sua desumanidade, que a faz matar, desalojar e
esfomear com uma descontração que nos deixa boquiabertos. A frieza com que se
mata não encaixa nos meus parâmetros humanos.
3. Mais terrorismo, mais feridos, mais
mortos inocentes todos os dias… Tantos semelhantes nossos a quem lhes é roubada
a dignidade e a vida, que deve fazer pensarmos e rezarmos com muita confiança no
Mistério da vida. Porque, até deve ser isso mesmo a razão principal desta
desvalorização da do ser pessoa em mim e nos outros. A perda da transcendência
e o horizonte divino do ser gente conduz a humanidade para esta tragédia, que
faz dobrar os sinos da morte quotidianamente.
4. Os nossos olhos já estão ficando
cansados. O nosso coração sabe o que é essa a dor dos outros e faz-nos infelizes
por não podermos fazer nada, por não estarmos lá para limpar as feridas, para amparar
quem não queria morrer e chorar com tantos que nesta hora choram porque o ódio,
a insensibilidade perante o valor da vida, rasgou-lhe a carne e cortou-lhes
cerce os sonhos. Não podemos continuar a fazer festa enquanto esta tragédia da desumanidade
continuar. Não terão todo o sabor e a magia as iguarias do Natal enquanto outros
com o mesmo direito do que nós, não tiverem tudo aquilo que nós temos. É justo
que assim seja.
5. Se reivindicamos a beleza do mundo e tudo o que a humanidade tem de
bom, é importante que saibamos que tudo o que há de mau também nos diz respeito.
A criança ferida ou morta, é também por «minha» causa, diz respeito a todos
nós. Não posso ser feliz se sei disso, se vejo isso. Se um membro do nosso
corpo sofre, todo o corpo sofre, por isso, enquanto uma parte da humanidade,
por mais pequena que seja, for esmagada pelo ódio, pelo terrorismo ou pelo
fanatismo, toda a humanidade sofre e em termos de responsabilidade, toda a
humanidade é responsável por toda a humanidade. Nada de transcendente, é certo,
mas relembro isso mesmo, o que nos devia fazer mover como seres humanos que
somos tudo em todos e por conseguinte, responsáveis uns pelos outros.
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