Publicidade

Convite a quem nos visita

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Como será a geração Pai Natal?

1. Um ponto de ordem. Não tenho nada contra o Pai Natal, mas tenho contra a injustiça de não haver uma Mãe Natal tão famosa e querida como é o Pai Natal por todas as crianças.
Nada tenho contra este imaginário, porque considero que o Pai Natal, até pode ser uma bela homenagem e um incentivo ao respeito pelas pessoas idosas. É sempre estranho que as crianças sejam incentivadas a «adorarem» o Pai Natal e que recebam péssimos exemplos dos adultos de falta de respeito em relação aos idosos que estão lá em casa. Por isso, o velhinho de barbas brancas, vestido de vermelho, para além daquilo que fizeram dele - um frenético caixeiro viajante despachante de prenda - pode ser, também uma ótima imagem que convida a olhar todos os idosos com carinho, alegria e respeito, mesmo que não deem prendas materiais, podem dar a beleza do seu passado, recheado de valores: a bondade, a fé e a esperança. Eles são oceanos imensos de memórias que se encontrarem corações disponíveis para as escutarem e beberem podem ser muito interessantes para construção da vida e do mundo futuros.

2. No entanto, gostaria de pensar hoje, neste banquete, um pouco sobre a geração Pai Natal. Sobre esta geração de crianças levadas ao colo pelos pais aos aeroportos e centros comerciais para assistirem à «chegada do Pai Natal» - que por ser tão importante merece reportagem de televisão - por isso, vemos o Pai Natal de saco carregado de prendas a sair do avião, a descer por uma corda do teto para baixo e a misturar-se no meio das crianças em grande algazarra.
Como será esta geração? Que valor transmite este imaginário, esta encenação irrealista que não beneficia as crianças, mas a lógica comercial e mercenária do hedonismo e do capitalismo em que estamos mergulhados? Como será uma criança que cresce a pensar que há um velhinho que lhe trás prendas pelo Natal, mas que depois mais tarde descobre que os seus pais é alimentavam essa falsidade? Não seria mais benéfico, pensarem desde tenra idade, que os presentes são fruto do trabalho, da poupança e do amor dos seus pais?

3. Não tenho respostas seguras para estas perguntas. Porém, podemos ensaiar alguma coisa a partir do que vamos vendo no comportamento de tanta gente, que vive a sua bela etapa da adolescência e da juventude e, alguns que mesmo ainda nessa fase etária, já são pais. A maior parte não tem culpa, não reflete muito sobre os seus comportamentos, deixa-se seduzir pela publicidade, pelo ambiente geral que se vive e não tem noção daquilo que faz, embarca por arrasto, dando aos seus filhos aquilo que os outros têm para que os seus não se sintam inferiorizados ou desprezados. Infelizmente, não é difícil ser arrastado pelo ambiente predominante, pensar e agir como a maioria age.

4. Penso que a geração Pai Natal, é uma geração muito exigente com os outros e pouco ou nada exigente consigo mesma. Não admira nada que às vezes encontremos crianças que são autênticos pequenos ditadores em casa dos pais, exigindo em termos de prendas o mundo e o fundo, sem que muitas vezes os seus pais não possam dar. A geração Pai Natal é a geração das facilidades, habituada a ter tudo sem trabalho e sem esforço. Uma geração frágil em termos de saúde física, psicológica e espiritual. Qualquer situação adversa os deita a baixo, desesperam facilmente ou entram em depressão com frequência, porque não aprenderam a conviver com o «não», com as frustrações e com os insucessos.
A geração Pai Natal é aquela que aprendeu a abrir o saco e tirar tudo de lá dentro. A vida não é assim que se constrói, deve existir muito mais do que o tudo presenteado.
E porque estamos em clima de Natal, que este Natal nos traga os verdadeiros presentes, que sejam mais da ordem espiritual e menos materialistas, para que tenhamos uma nova geração, que dê valor ao esforço, ao trabalho, à partilha, à amizade, a partilha dos bens e da vida em relação aos outros. Estes presentes não existem dentro do saco do Pai Natal.

2 comentários:

Lola Barea disse...

Tiempo sin pasar por aquí, José Luis.
Quiero dejarle mis saludos y mis mejores deseos.

FELIZ NAVIDAD.

Lola Barea.

José Luís Rodrigues disse...

Muito obrigado e igualmente...