Comentário à Missa deste domingo
III Tempo Comum
A acção de Jesus fica
delineada neste momento através das palavras do profeta Isaías que o próprio
Jesus lê ao abrir o livro da Escritura na Sinagoga de Nazaré. Diz o seguinte essa passagem: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Ele me enviou a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos e a proclamar o ano da graça do Senhor».
Diante do programa que Jesus nos apresenta ao ler a
passagem de Isaías, parece saltar logo à vista que a Sua acção se vai destinar
em primeiro lugar aos pobres. Quem serão estes pobres? – Os pobres serão todos
os que não têm lugar na sociedade; serão também todos os que não têm espírito
para assumir a vida com radicalidade; serão todos os que têm muitos bens mas
que não sabem o que é a solidariedade, a amizade e a caridade; serão todos os que esbanjam
os seus bem de forma desregrada; serão todos os que são soberbos e arrogantes
diante da sabedoria e até quem sabe diante da sua pobreza; serão todos os
violentos; serão todos os que promovem a inimizade; serão todos os que foram
roubados e maltratados pelos outros; serão todos os que nunca tiveram
oportunidades na vida; serão todos os que roubam; serão todos os que não são sérios
com os seus negócios; serão todos os que não sabem o que é a fidelidade à palavra dada e a compromissos; serão
todos aqueles que devíamos ter ajudado e não ajudamos... Os pobres serão tantos
e tantos.
Jesus com a proclamação de Isaías, revela que veio
para todos e que a sua acção mediante a força do Espírito Santo será sempre em
favor do bem de todos. Porque a Boa Nova que Ele anuncia é algo que vem ao
encontro dos pobres e dos desprezados da sociedade. Qual será a sociedade de
homens perfeitos? – Nenhuma, todos temos um pouco de algo que nos torna também
pobres.
Este
aspecto da opção preferencial pelos pobres, revelar-se-á uma constante ao longo
do Evangelho de Lucas. Porque aos ricos Jesus exigirá um programa de vida que
se pareça com a proposta do Reino que Ele apresenta. E para Deus as riquezas
pouco ou nada contam.
A evangelização de Jesus (a Boa Nova), requer uma
sociedade nova, onde todos são irmãos, pois, a Sua proposta não consiste apenas
em palavras ocas sem conteúdo salvador, em doutrinações frias que não levam a
nada, em conceitos sem consistência real, a dogmas desumanos que não olham a
cada realidade em si mesma, a documentos burocráticos que não servem a vida na
sua autenticidade... mas consiste a Boa Nova de Jesus numa prática humana,
religiosa e social que conduz as pessoas à posse da vida plena.
1 comentário:
Padre José Luís, Meu Amigo e Irmão, temos mais um profético texto, o qual S.Lucas apresenta-se-nos como o Programa de Jesus.Penso que o Vaticano II debruçou-se muito sobre a ligação ou a inerência ou aplicação desse trecho ao Mundo. Jesus preocupou-se muito sobre a sociedade na qual Ele estava inserido e queria implantar o Reino de Deus. E se homens e mulheres assim o praticassem na sua vida corrente não haveria lugar para guerras,ódios,"igrejinhas" e subjacente a tudo isto uma fortíssima legião de pobres e esfomeados. De comer e de sabedoria. Mas somos mais sequazes de herodes do que de Jesus. A sua doutrina foi colocada no interior de igrejas.A maioria dos sacerdotes desbobinem pouco acerca dos mensageiros ou endereçados a quem se destina essa Mensagem,que é humano-divina. Vem, Senhor Jesus, e peguemos no Livro Sagrado e punhamo-Lo à frente de todos os desprovidos do nosso mundo e sociedade.
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