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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Falar de idosos está na moda. Porque será?

Terça-feira farpas no Banquete...
A Igreja Católica, à qual pertenço com muito orgulho, porque é a melhor herança que recebi da minha família, tem a doutrina ideal sobre todas as coisas e sobre a dignidade das pessoas então nem se fala. Uma mensagem extraordinária.
Mas, quanto a alguma acção prática dessa mesma mensagem já há muito a ser dito. Verificamos que há quilómetros de distância entre a teoria e a prática. Os discursos sobre as crianças são tão bons, sobre os casais (o matrimónio), sobre os jovens, sobre a mulher e a feminilidade, sobre os idosos e sobre tudo o que é e pertence à humanidade, porém, não é feito imenso contra aquilo que é proclamado. A título de exemplo, duas situações. A mais bela doutrina sobre o trabalho e os trabalhadores está na doutrina católica, mas há imensas situações em várias instituições católicas onde os trabalhadores são desconsiderados ou quiçá sofrem alguma exploração. A doutrina sobre os idosos que é apresentada pela Igreja Católica é extraordinária, mas alguns membros da hierarquia passam a sua velhice no abandono e na maior solidão. Há exemplos concretos, mas por respeito e amizade às pessoas é melhor não os referir aqui.
A Igreja Católica ao lado do Estado serve-se nas devidas proporções dos idosos. Uma e outro sabem muito bem como «tratar» dos idosos para levar a cabo com eles os seus intentos. A hipocrisia quanto a este aspecto é muito grande em todos os quadrantes. Ambos fazem favores mutuamente neste aspecto e em tantos outros.
D. Teodoro de Faria, bispo emérito do Funchal, acusou por estes dias o Estado de só se interessar com os idosos na hora dos votos. Eis, então, que na terra de povo superior, com um consequente governo superior, a Secretaria Regional dos Assuntos Sociais, veio a público com um ridículo comunicado corroborando as declarações do bispo emérito, como se esta secretaria não fosse Estado. Como se não fosse da sua responsabilidade os vários dramas porque passam os idosos entre nós. Há imensos totalmente abandonados nas suas casas, mergulhados na porcaria, na solidão e no sofrimento. A novela sobre o Atalaia ainda não teve o seu epílogo. Aliás, alguns já o tiveram, porque já sabemos dos que já estão no cemitério. Este aproveitamento político é indecente, hipócrita e procura esconder a miséria que nos assiste actualmente no que diz respeito aos idosos. Os culpados por esta miséria não estão fora de nós, mas aqui dentro e nenhum comunicado nos tapa a vista.
Os idosos tornaram-se assunto da moda. Uma riqueza para tantos. Umas pedrinhas que se usa e abusa ao capricho de belos figurões, que se aproveitam da infelicidade dos frágeis e deles pronunciam belos discursos e têm belas atitudes de altruísmo que não passam de capas bem montadas que escondem os seus interesses mercantilistas ou quisera eu, que fosse uns acessos de remorso de consciência por causa do que deviam fazer quando podiam fazer e não o fizeram. Mas, dado o desplante com que se diz as coisas, infelizmente, não é. Por isso, deixem estar o que está quieto. Vieram tarde. Porque com defensores destes os idosos passam bem.

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