os catastrofistas.
Estes olham para a crise como uma desgraça fatal. Não há ponta por onde se e
tudo está irremediavelmente perdido. Daí que os anúncios do fim do mundo sejam feitos
hoje com uma frequência nunca antes vista. A crise é sinónima de caos. Não há
soluções nem alternativas, crise conduz ao empobrecimento, à morte e ao fim das
conquistas feitas com suor e lágrimas.
Para estes catastrofistas dizia o Papa João XXIII referindo-se à Igreja mas que
vale para qualquer contexto: «A vida concreta não é uma coleção de antiguidades.
Não se trata de visitar um museu ou uma academia do passado. Vive-se para
progredir, embora tirando proveito das experiências do passado, mas para ir
sempre mais longe.»
A estes que afirmam que a crise precisa de
uma tragédia ou de um inevitável abismo o filósofo e pensador suíço diz o
seguinte: «Caracterizar a crise como sinal de um colapso universal, é uma
maneira subtil e pérfida dos poderosos e dos privilegiados impedirem, a priori,
as mudanças, desvalorizando-as de antemão». Nem mais. Os catastrofistas sabem
bem para o que vieram e anunciam ideologicamente os intentos que pretendem
levar a cabo, com base no quadro da desgraça e da tragédia.
Segundo contexto é formado pelos
conservadores. Olham para o passado com saudosismo e pensam que os problemas
novos têm solução com as orientações do passado. Neste, encaixam-se as troicas
todas deste mundo, os nossos governantes, alguma Igreja Católica, alguma parte
das religiões e algumas confissões religiosas.
Estes olham a realidade de hoje e procuram
manter as formas e fórmulas do passado. Nada de inovação e quanto à
criatividade deve ser logo manietada ou cerceada à partida. Os que
eventualmente apontam outra visão das coisas e soluções mais de acordo com o
que se está a viver são logo apelidados com os pires nomes e devem ser marginalizados
porque pretendem destruir o poder e as suas visões que assentam na verdade
absoluta que herdaram do passado. Preocupante este contexto e este grupo.
Terceiro, os utópicos ou os idealistas. Estes
são os da fuga para frente. Estão em sentido contrário dos conservadores. Por
isso, o que se diz para os anteriores diz-se em sentido contrário para estes. A
fuga para a frente sempre, custe o que custar ou doa a quem doer. O povo, os
pobres, os fracos e os mais débeis têm já a sentença de delineada pelos
idealistas, o seu fim, a morte. Seguros e cheios de si, estes, pensam, o futuro
é que conta mesmo que o rasto de sangue e morte sejam a paisagem que as suas
soluções provocam.
Quarto, os irresponsáveis. São os que vão
escapando, porque «empurram os problemas com a barriga», fazem ouvidos moucos
dos que sofrem e pouco se importam com o que vem a seguir, quem vier que faça
ou resolva. Estes fizeram dívidas astronómicas, tomaram decisões
irresponsáveis, fizeram da inutilidade uma mais valia para ganhar eleições e
manter o seu poder. Nunca se importaram nada com os outros, quem vier que feche
a porta. Agora estamos todos entalados e com uma carga de impostos às costas
que nos tiram os rendimentos quase todos. As nossas propriedades deixam de ser
nossas, pagamo-las anualmente a peso de ouro ao Estado, que se tornou um polícia
das nossas vida, porque fez de nós cidadãos uns terroristas, que mais nada
fazem senão ludibriar o Estado com falcatruas. Impressionante tudo isto, porque
cruelmente factual…
Os irresponsáveis, pouco se ralam com o fim
do Estado Social, para que serve a educação, a saúde e o bem estar geral da
sociedade se isso não rende votos nem muito menos rende dinheiro imediato para
alimentar a clientela familiar e partidária? - Estes irresponsáveis são os
principais responsáveis pela tragédia que se abateu sobre o nosso povo.
Quinto, os que não vêm, não ouvem e não
falam. Destes também estamos cheios. Dedicam-se a ver, ouvir e falam do que
está longe, acima das nuvens. Pouco se importam com o que devem denunciar e
soluções zero, porque não se deram conta que estamos em crise, no fundo do poço
e numa viragem importante para uma sociedade outra. Para quê meter-se em sarilhos
se a vida pode ser levada em silêncio, sem problemas com ninguém e no comodismo
que lhes foi presenteado… É fugir destes.
Sexto, os conscientes. Estes são os que vivem
aqui e agora. São responsáveis perante o que vai surgindo, olham a realidade
com lucidez e apontam caminhos e mudanças importantes para transformar a vida
de todos. Estes podem ser chamados de responsáveis, porque estão conscientes do
que é importante mudar, não temem o presente nem muito menos o futuro. Daí que a
sua luta se centre na procura da justiça e do bem comum.
Estes
sabem verdadeiramente quem vive ainda e viveu acima das suas possibilidades.
Agora, reclamam para que os sacrifícios sejam distribuídos com justiça e que os
verdadeiramente culpados pelo colapso sejam chamados à justiça para retribuírem
o que roubaram. Este grupo e contexto, ganha em cada dia que passa mais adeptos
e o grupo engrossa cada vez mais. Devemos estar felizes com isso e lutar todos
para que a consciência dos nossos males nos torne lúcidos lutadores daquilo que
verdadeiramente importa construir quanto ao bem que se deseja para a sociedade
em geral.
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