Muitos ao longo da
história da literatura foram meditando e escrevendo sobre esta contradição. Não
sei se vos acontece, mas frequentemente me deixo embalar pela beleza da confusão
e confesso que o esplendor do caos me seduz como beleza artística. Se assim não
é, repare-se na belíssima e famosa obra prima de Picasso, «A Guernica». E
lembremos ainda como são famosos os mercados de comércio das cidades árabes, os
denominados «Medinas». São em todas as cidades árabes verdadeiras atracções
turísticas que cativam milhares e milhares de pessoas. Ali encontramos um
autêntico esplendor do caos.
Veio esta lembrança a
propósito do convite que nos é feito pelo Primeiro Ministro de que já podemos
vislumbrar «a luz ao fundo do túnel». Não entendo como pode gente deste calibre, provocador de tantas injustiças e de colocar meio país na pedincha, se sente com autoridade e legitimidade para fazer um convite destes... Um desplante ofensivo. Mas vergonha, é coisa que os nossos políticos perderam há muito tempo.
Só pode soar a falso um convite deste género, depois de termos um país mergulhado na pobreza,
na miséria e na pedincha, um país onde a corrupção marca as regras. Porque a
vida tornou-se tão complexa e tão difícil que as coisas são mais fáceis de
vencer e de conseguir mediante o compadrio e o apadrinhamento. A ganância do
dinheiro e do protagonismo social exigem uma entrega e uma submissão doentia
face alguns poderes sociais, políticos e os que restam da economia, desbaratada por estes (des)governantes. A dignidade, o respeito e o
amor próprio são enviados às urtigas. Não importam para nada a dimensão do
respeito e dos compromissos que implicam fidelidade e integridade. A
corrupção é a todos os níveis porque ninguém está minimamente preocupado com o
respeito por Deus e pela pessoa humana. O transcendente não tem nome face às
sensações imediatas que determinada meta social pode provocar. Face a essa
perda de valor o que mais vale é singrar a qualquer preço.
O retrato do nosso país
é este. Os suicídios aumentam as estatísticas para números nunca vistos, não
nascem crianças para renovar as nossas famílias e a sociedade em geral, somos
um país de idosos desencantados à espera da morte, somos uma sociedade mergulhada
numa depressão horrível, há uma tristeza geral impressionante, um desencanto, por isso, grassa a prostituição em todas as esquinas, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas e todo o género de perversões e degradação pessoal e social…
A desarmonia fiscal,
levada a cabo pela troica nacional, Pedro, Gaspar e Paulo, está a provocar o pecado
tremendo da exclusão social e dos baixos salários. Os trabalhadores de fracos
recursos não podem nem têm condições materiais para pagar os elevados impostos.
Antes de mais, porque os seus salários estão abaixo do valor mínimo para
poderem viver com dignidade. Daí que a exclusão social se torne uma
consequência inevitável. Mais ainda com políticas que brincam com os nossos impostos, isto é, até servem para proteger e salvar criminosos. As ajudas aos bancos falidos é uma evidência e o insulto à grande percentagem de gente que passa fome neste país.
O caos a todos os
níveis é tremendo e assusta. Deste caos não gosto. Como ver a luz ao fundo do túnel neste ambiente? - Porém, mesmo sabendo que não serei lido pelo sr. Primeiro Ministro, isso pouco importa, o que conta neste momento é só o desejo de expressar o que me vai na alma... Aqui vai o que vislumbro sr. Primeiro Ministro ao fundo do túnel. Vejo uma tragédia social a todos os
níveis. Mas, garanto-lhe que há uma certa esperança, uma a luz positiva, se quiser, que
me garante que o sr. e todos os seus comparsas que conduziram a este descalabro o nosso país,
irão, não tarda nada, para o olho da rua.
Imagem google...
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