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quarta-feira, 24 de julho de 2013

Os jovens de hoje na Jornada do Rio de Janeiro

Não podia ser de outra forma. Como católico e como admirador desde o primeiro momento do Papa Francisco, fico deveras satisfeito com o que se está a passar no Rio de Janeiro, Brasil, com o sucesso que está a ser a Jornada Mundial da Juventude. Tudo parece decorrer com a maior da normalidade e excedendo todas as expectativas quanto à participação das pessoas. São enormes as multidões que se concentram na passagem do Papa.
Tudo isto é muito bonito e reconcilia a Igreja Católica com o mundo. Muito melhor será que o mundo encare o Papa com simpatia e corra para ver o Papa do que ande contra a barafustar todo o género de vitupérios contra a Igreja e contra o Papa.
A esperança que nos fica é que estas grandes manifestações não sejam apenas para o momento nem muito menos que sejam propaganda muito querida e alimentada pelos meios de comunicação social dos nossos tempos. A Igreja Católica também às vezes embarca nisso.
As grandes manifestações podem ser importantes, mas não são a melhor ocasião para lançar sementes. Porque o ambiente é propício a festa, com os consequentes exageros. Nisto não queremos ficar com a ideia que as Jornadas com os jovens sejam apenas manifestação do bonito e do gozo que estes dias sempre provocam a quem tem o sangue na guelra, mas que passado o efeito volta tudo ao normal.
A juventude de agora, é muito instável e vive perdida. O desemprego e toda inquietação quanto ao futuro desorientam e lança os jovens em caminhos sem rumo. É preciso pensar que esta é geração diplomada que está em casa sem fazer nenhum a comer à conta dos pais que fizeram os maiores sacrifícios para os formarem. São Filhos de pais separados, filhos de mães solteiras ou de uniões de fac, realidade que a Igreja Católica ainda não aprendeu a acolher e a encontrar formas sacramentais para integrar esta vasta realidade e com tendência a crescer ainda mais. Esta juventude encarna as características paranóicas que um determinado desenvolvimento ofereceu. Estão a crescer em relações virtuais, não têm um grupo de referência, mas sim muitos grupos... Nas redes sociais da internet (Facebook, Twitter e outros).
Estes jovens, sentem-se sozinhos, desconfiam uns dos outros, são críticos com os outros, mas muito sensíveis quando são criticados, basta que os pais abram a boca para terem logo o ricochete como desmedida de troca, porque «comigo ninguém brinca», são formados e não toleram quem não está ao seu nível. Por isso passam com facilidade do amor ao ódio. Os dramas familiares às vezes são de bradar aos céus.
Não precisam de ídolos, porque eles é que se acham ídolos. Os pais começaram por lhes ensinar a ser mais do que são e a dar-lhes os melhores telemóveis e computadores. As dificuldades e sacrifícios é coisa de cotas ou para gente velha. A escola fez o resto. Não querem saber da escola, mas já nem por faltas reprovam. O Estado deve dar tudo para estudarem, mas eles não precisam de aprender nem muito menos de dar nada em troca, são "Special One's" e se ainda não o são para lá caminham porque o desporto vai fazer esse trabalho. Na escola se as más notas aparecem é porque os professores não gostam deles e os prejudicam, se não têm amigos (reais) e não têm namorado(a) é porque os outros são estúpidos e ninguém presta. Acham-se auto-suficientes e não perdoam, porque, são os maiores e o perdão é coisa banida do coração desta humanidade criada só e apenas para vencer. E como todos nós somos resultado da educação que recebemos, todos temos responsabilidades, afinal, eles são apenas o resultado da educação que todos nós lhes demos, mas poderá ser pior para a geração que venha seguir se não formos capazes de arrepiar caminho.
A festa das Jornadas no Rio, estão a ser muito interessantes em termos de impacto e enchem os olhos do mundo inteiro. As imagens que no chegam são impressionantes e algumas até nos levam a grande emoção. Mas, que não fique apenas isso, mais desejamos que a Igreja Católica venha depois encetar reflexão com consequentes medidas para que os jovens sejam tomados a sério e parte essencial na construção da Igreja. Para que os jovens não sejam apenas massa fácil de mobilizar porque são vivos, fazem ruído e os poderes precisam deles para mostrarem o que valem quanto à pujança do seu poder apenas. As políticas partidárias são exímias neste trabalho com a juventude. A Igreja não pode mostrar que assim é para si também.
Mais ainda que todas as questões que os afecta sejam tratadas com coragem por toda a Igreja e que as palavras do Papa venham ajudar a quebrar a tragédia do apego aos bens materiais explícito no alto índice de criminalidade, o escandaloso crescimento do tráfico e consumo de drogas, nos casos cada vez mais comuns de gravidez na adolescência e de abandono dos filhos, no crescente número de tráfico de pessoas, no grande aumento da prostituição e nos casos cada vez mais absurdos de corrupção. Não, o Papa não foi levar dinheiro ao Brasil nem vai fazer acabar com as dívidas dos Estados e a consequente austeridade contra os povos. O Papa Francisco veio e está para anunciar ao mundo que a transcendência faz parte de nós, o que já é bastante. 

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