O Papa Francisco visitou a ilha de
Lampedusa para realizar a sua primeira visita apostólica fora de Roma. O Papa
que colocou os pobres no centro da sua missão visitou nesta segunda-feira a
ilha que serve de porto de abrigo a milhares de imigrantes. Pediu um «despertar
das consciências» para combater a «globalização da indiferença».
Não podia vir mais a propósito uma
viagem deste género, carregada de uma mensagem profundamente simbólica, aliás,
como são imensos os gestos simbólicos deste Papa. Os nosso tempos estão
marcados por uma onda avassaladora de emigrantes e de imigrantes. São milhares
os que sobem da África atravessando em condições profundamente desumanas o
Mediterrâneo para chegar à Europa. Esta migração é terrível, está envolta numa
mortandade em massa, num tráfico de pessoas repugnante e inconcebível nos
tempos que correm... O Papa pretendeu denunciar toda essa exploração, apelar ao
acolhimento e fazer despertar o mundo todo para a atenção que deve ter em
relação a esta miséria que afecta os povos mais pobres, que, cansados do
sofrimento, se lançam à procura, sabe Deus em que condições, só porque almejam
uma vida melhor.
Escolha de Lampedusa para a primeira
deslocação fora de Roma é altamente simbólica para um Papa que colocou os
pobres e os excluídos no centro do seu pontificado e lançou um apelo à
Igreja para que regresse à sua missão de os servir, notam as notícias,
acrescentando que esta viagem coincide com o início do Verão quando se
intensificam as travessias. «O resto da Itália e a Europa têm de ajudar-nos»,
disse à AFP a presidente da câmara de Lampedusa, Giusi Nicolini.
A ilha italiana do Mediterrâneo, entre a
Sicília e a costa da Tunísia e da Líbia, é uma das principais portas de entrada
para a União Europeia, juntamente com a fronteira entre a Grécia e Turquia.
Desde Janeiro, 4000 imigrantes chegaram já à ilha –
esse número é três vezes maior do que os do ano passado. 2011, com as
Primaveras Árabes, foi particularmente movimentado. Nesse ano, cerca de 50 mil
imigrantes e refugiados desembarcaram em Lampedusa, metade dos quais vindos da
Líbia e da Tunísia, cuja costa fica a pouco mais de 100 quilómetros da ilha.
Muitos atravessam em condições precárias
e perigosas. De acordo com números das Nações Unidas, desde o início do
ano, 40 terão morrido na travessia entre a Tunísia e a Itália, um número
menor que em 2012 quando houve registo de quase 500 mortos ou desaparecidos.
Como se pode ver, estamos perante uma tragédia, que o Papa pretendeu denunciar
e alertar a Europa e as nossas consciências para uma realidade que nos passa ao
lado, porque como diz o Papa se globalizamos tanta coisa boa que vai fazendo as
delícias do nosso bem estar, mas também há outras que vamos globalizado, o
egoísmo e a indiferença.
Neste âmbito nós, que vemos partir e
outros a chegarem, sejamos tolerantes e não nos esqueçamos nunca desta
realidade da migração humana. Tudo o que ela implica nos faça despertar sempre
para fazer o bem e que nos incomode sobremaneira todo o sofrimento que este
género de deslocação humana sempre vai semeando.
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