Mesa da Palavra
Comentário à Missa deste domingo XV Tempo Comum
14 de Julho de 2013
O
meu próximo não tem nome, pode ser qualquer pessoa que necessite do meu apoio,
da minha amizade e da minha solidariedade ou amor compassivo. Todos são nossos próximos.
O
maior mandamento, segundo Jesus, consiste em amar a Deus com tudo aquilo que
nos constitui como mulheres e homens e ao próximo como a nós mesmos. Este
reforço que Jesus nos pede, confirma de novo toda a Sua vida e todas as palavras
que pronuncia sobre o Reino de Deus, que se revela uma realidade bem represente
no nosso coração e que se testemunha nas palavras, nos gestos e atitudes que
expressamos.
A
parábola que Jesus conta sobre o homem roubado e maltratado pelos salteadores,
que depois é socorrido por um samaritano é sintomática e mostra claramente que
não podem existir fronteiras ou condições para viver o principal mandamento de
Deus. Esta história não teria nada de especial se o homem caído ao chão fosse
ajudado por um judeu. Os samaritanos e os judeus não se entendiam de forma
nenhuma. Um e outro povo viviam de costas voltadas, eram inimigos. Mas não é
por isso, que Jesus não deixa de descobrir atitudes extraordinárias vindas de
samaritanos, esses outros que o narcisismo racial às vezes alimenta.
A
história do bom samaritano é já muito famosa e está bem presente no nosso
coração. Será que falta a cada um de nós descortinar verdadeiramente o que está
por detrás desta mensagem que Jesus nos quer transmitir? - Penso que faltará um
pouco de entendimento, para acolhermos esta mensagem como uma luz que orienta a
nossa acção no quotidiano da vida. Afinal, quem será o nosso próximo? - Os
nossos próximos são todos os irmãos que se cruzam connosco na vida do dia-a-dia.
Hoje,
os apelos ao acolhimento são imensos. Os nossos próximos estão dentro da nossa
casa, no lugar do nosso trabalho, na sociedade em geral que se vê cada vez mais
confrontada com uma enorme variedade de pessoas vindas de todas as partes do
mundo. Outras vezes somos nós que nos deslocamos e desejamos o acolhimento, o
respeito. Neste sentido, o Papa Francisco na ilha de Lampedusa (8 de Julho de 2013) denunciou a
violência contra as pessoas que atravessam o mar Mediterrâneo à procura de
melhores condições de vida na Europa, morrem muitos deles nessa travessia,
porque as condições de navegação são miseráveis. Os exploradores deste tráfico
humano também existem e são causadores da morte e do sofrimento. Não podemos ser
indiferentes com isto e devemos chorar por tantos mortos anónimos e solitários embora amontoados sobre montanhas de carne humana, façamos o que pediu o Papa, tomemos consciência da crueldade que ceifa a vida à mão de
toda a injustiça em que está montado este mundo.
Este apelo ao respeito
pelo outro, que é o nosso próximo, sem olhar a nacionalidade, família ou outra
condição, não deve existir quando se trata de rebentar com todas as forma de
egoísmo xenófobo e assim dar largas ao acolhimento e amor aos que se cruzam
connosco. O «nosso» amor a Deus expressa-se sempre na medida em que somos
capazes de um amor que se concretiza naqueles que passam na nossa vida, mesmo
que não fiquem por muito tempo no nosso coração. Não fazer acepção de pessoas é
a medida do amor. Um desafio grande, claro! Mas, não há outra forma de ser
cristão, segundo a medida de Jesus de Nazaré.
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