A pergunta de Pilatos a Jesus é sintomática e a
reacção de Jesus (ou a não reacção) é reveladora de como estamos perante uma
dimensão inefável da comunicação. Pergunta o Político Pilatos: “O que é a
verdade?” (Jo 18, 38). A resposta de
Jesus é profundamente esclarecedora. Isto é, Jesus remete-se ao mais profundo
silêncio e deixa perceber que a verdade não tem outra definição senão o mais
desconcertante silêncio. No entanto, não devemos esquecer que o mesmo Jesus já
tinha ensinado que a verdade autêntica era a sua pessoa mesmo.
A verdade é fácil de contemplar, mas difícil de realizar.
Os caminhos tortuosos que a vida nos oferece nem sempre permitem a realização
da verdade como o valor mais procurado, defendido e vivido. As circunstâncias
do quotidiano obrigam ao mais profundo desgaste da verdade e conduzem, por
vezes, ao esquecimento daquilo que é autêntico para a identidade das pessoas e
das coisas. Muito facilmente a vida empurra para a não verdade das situações e
das atitudes.
Toda a
vida de Jesus é um exemplo de como é viver na verdade e fazer a verdade: a
palavra; os milagres; o perdão; a compaixão; a obediência; a oração; a
sabedoria; a inteligência... Tudo o que é dito e feito em Jesus Cristo está empenhado no
serviço da vida e no rumo certo da caminhada para a luz.
O nosso tempo apresenta aspectos difíceis de
enquadrar na dimensão da verdade e a comunicação mais parece funcionar como
mediação de negócio e de interesses pessoais ou colectivos. Mas, não pode esta
constatação ser o último padrão da vida. Não se pode permitir que a visão
redutora e medíocre das coisas da vida tenham a última palavra. Bem sabemos que
os homens do nosso tempo, não parecem voltados para a procura de soluções
através da comunicação verdadeira, porém, não podemos ver-nos vergados aos
mecanismos da superficialidade, da desordem e da não relação.
Sem comentários:
Enviar um comentário