A grande atração da Sessão Solene na celebração
do Dia da Autonomia e das Comunidades Madeirenses está a ser a redoma em folha
fúnebre que antigamente se colocava nas campas dos defuntos, onde se ostentava
a fotografia daqueles que tinham ido desta para melhor. Na redoma do deputado
José Manuel Coelho está a foto da bandeira da região (que se pode ver na imagem
que acompanha este texto). Supomos que represente a defunta Autonomia da
Madeira. A mensagem passou e foi eficaz.
De facto pelo teor dos discursos, fomos
observando que a Madeira mais parecia o centro do Império Romano ou o centro do
outro não menos importante império que foi o de Carlos Magno. O que seria deste
desgraçado mundo se não fosse a Madeira. Mais ainda pensei que o segredo do
sucesso do futuro da Madeira está no seu passado. Toca a pôr os madeirenses a
estudar história, a ver se têm mais orgulho desta armada que se chama Madeira e
lançar-se depois na grande revolução de desenvolvimento que nos espera nesse
futuro que nunca mais chega.
O deputado José Manuel Coelho, mais uma
vez marcou a Sessão com o seu número de circo. Todos nós estávamos à espera
disto. Já havia apostas e tudo. Porém, ainda bem que não falta o número, senão
já amanhã ninguém falava naquilo. Mais ainda inventou um objecto que já não se
usa e quase ninguém sabe o nome. A cabeça dos jornalistas anda às voltas a ver
que nome dão àquela coisa redonda misteriosa.
Olhado o passado, seria também interessante
concentrar-se no presente e não apenas no contencioso das autonomias e nas
guerrinhas patéticas por causa de dinheiro que vai e de outro que não vem. Estamos
fartos disso. Mas também acho que se deve pensar a Madeira não desta forma
gloriosa, saudosista, mas com a verdade dos factos, mais chegados à terra que
foi construída com o pão que o diabo amassou. É preciso falar do vilão, escravo
do trabalho, dominado pelos grandes senhorios que sempre dominaram a Madeira e
o seu povo, que no tempo da Democracia só mudou o nome e as suas nuances.
Hoje importava salientar que a Autonomia
morreu, está num cemitério, por culpa da irresponsabilidade de quem governou
isto nos tempos da Democracia, governou como quis, à sua maneira, sem olhar a
regras, nem gastos e no desrespeito pela natureza, o bem maior que a nossa
terra tem. Então hoje devíamos estar a pensar menos no passado e mais num
futuro, não com estes que ainda estão no poder, porque representam um passado,
mas com gente nova, fresca de ideias, de pensamento e com uma ética bem assente
no respeito pelo bem comum, na justiça, mergulhados num diálogo incansável com
as populações da Madeira.
Temos que fazer o funeral de uma
Autonomia mal gerida com obras megalómanas sob somas avultadíssimas com dinheiro
pedido e que o povo da Madeira tem que pagar agora com fome, desemprego, suor e
lágrimas. A Madeira do sofrimento e dos senhorios que explora até ao tutano
continua, só mudaram os seus esquemas e os nomes.
Está defunta uma Autonomia que nos aprisiona
a uma austeridade geradora de fome e de uma sangria enorme que está a conduzir
o nosso povo ao desespero. Disparam os suicídios, os roubos mais ou menos
violentos, as crianças e jovens sem oportunidades, as famílias desestruturadas,
obrigadas a emigrar porque escasseiam os meios que garantem o seu sustento no
presente e no futuro. Esta Autonomia merece ir já rapidamente para o cemitério
e que se coloque bem no fundo de uma sepultura, porque quem gerou pobreza, desencanto,
infelicidade que vai matando o nosso povo, merece morrer e nunca mais ser
falada.
Mais ainda digo que nem
redoma de lata merece, quem nunca se deu ao respeito, por isso, não há-de ser
depois de morto que merece mais respeito. Com esta lata me fico e não embarco
na lata de quem não tem lata senão para dizer agora que a culpa desta morte
está em Lisboa e nas Europas.
Sem comentários:
Enviar um comentário