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segunda-feira, 1 de julho de 2013

Redoma de lata para a Autonomia

A grande atração da Sessão Solene na celebração do Dia da Autonomia e das Comunidades Madeirenses está a ser a redoma em folha fúnebre que antigamente se colocava nas campas dos defuntos, onde se ostentava a fotografia daqueles que tinham ido desta para melhor. Na redoma do deputado José Manuel Coelho está a foto da bandeira da região (que se pode ver na imagem que acompanha este texto). Supomos que represente a defunta Autonomia da Madeira. A mensagem passou e foi eficaz.
De facto pelo teor dos discursos, fomos observando que a Madeira mais parecia o centro do Império Romano ou o centro do outro não menos importante império que foi o de Carlos Magno. O que seria deste desgraçado mundo se não fosse a Madeira. Mais ainda pensei que o segredo do sucesso do futuro da Madeira está no seu passado. Toca a pôr os madeirenses a estudar história, a ver se têm mais orgulho desta armada que se chama Madeira e lançar-se depois na grande revolução de desenvolvimento que nos espera nesse futuro que nunca mais chega.
O deputado José Manuel Coelho, mais uma vez marcou a Sessão com o seu número de circo. Todos nós estávamos à espera disto. Já havia apostas e tudo. Porém, ainda bem que não falta o número, senão já amanhã ninguém falava naquilo. Mais ainda inventou um objecto que já não se usa e quase ninguém sabe o nome. A cabeça dos jornalistas anda às voltas a ver que nome dão àquela coisa redonda misteriosa.
Olhado o passado, seria também interessante concentrar-se no presente e não apenas no contencioso das autonomias e nas guerrinhas patéticas por causa de dinheiro que vai e de outro que não vem. Estamos fartos disso. Mas também acho que se deve pensar a Madeira não desta forma gloriosa, saudosista, mas com a verdade dos factos, mais chegados à terra que foi construída com o pão que o diabo amassou. É preciso falar do vilão, escravo do trabalho, dominado pelos grandes senhorios que sempre dominaram a Madeira e o seu povo, que no tempo da Democracia só mudou o nome e as suas nuances.
Hoje importava salientar que a Autonomia morreu, está num cemitério, por culpa da irresponsabilidade de quem governou isto nos tempos da Democracia, governou como quis, à sua maneira, sem olhar a regras, nem gastos e no desrespeito pela natureza, o bem maior que a nossa terra tem. Então hoje devíamos estar a pensar menos no passado e mais num futuro, não com estes que ainda estão no poder, porque representam um passado, mas com gente nova, fresca de ideias, de pensamento e com uma ética bem assente no respeito pelo bem comum, na justiça, mergulhados num diálogo incansável com as populações da Madeira.
Temos que fazer o funeral de uma Autonomia mal gerida com obras megalómanas sob somas avultadíssimas com dinheiro pedido e que o povo da Madeira tem que pagar agora com fome, desemprego, suor e lágrimas. A Madeira do sofrimento e dos senhorios que explora até ao tutano continua, só mudaram os seus esquemas e os nomes.
Está defunta uma Autonomia que nos aprisiona a uma austeridade geradora de fome e de uma sangria enorme que está a conduzir o nosso povo ao desespero. Disparam os suicídios, os roubos mais ou menos violentos, as crianças e jovens sem oportunidades, as famílias desestruturadas, obrigadas a emigrar porque escasseiam os meios que garantem o seu sustento no presente e no futuro. Esta Autonomia merece ir já rapidamente para o cemitério e que se coloque bem no fundo de uma sepultura, porque quem gerou pobreza, desencanto, infelicidade que vai matando o nosso povo, merece morrer e nunca mais ser falada.
Mais ainda digo que nem redoma de lata merece, quem nunca se deu ao respeito, por isso, não há-de ser depois de morto que merece mais respeito. Com esta lata me fico e não embarco na lata de quem não tem lata senão para dizer agora que a culpa desta morte está em Lisboa e nas Europas.

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