Também ando de alguma forma implicado na
exposição, que a Madeira organizará no Museu Nacional de Arte Antiga, sob o
título «As ilhas do ouro branco – arquipélago da Madeira: do século XV ao
século XVI». Será inaugurada no próximo dia 15 de Novembro e, de acordo com
fonte oficial, marcará o arranque das comemorações dos 600 anos do
«descobrimento» deste arquipélago. A Igreja de São Roque possui um precioso
cálice do séc. XVI e por isso fui contactado pelas entidades organizadoras deste
evento, para que a Igreja de São Roque emprestasse por algum tempo o referido
cálice. Obviamente, que remeti o assunto para a Diocese. Pelos sinais, tudo indica que as coisas estão salvaguardadas dentro da normalidade esperada.
Acolhi com entusiasmo a ideia e achei
inicialmente que seria uma iniciativa interessante e que podia servir para dar
publicidade à nossa terra e chamar visitantes à Madeira. Todas as iniciativas
neste âmbito são bem vindas. Porém, depois de ler a opinião amais que aturada
do professor Nelson Veríssimo e dando-me conta de que seria esta evento a abertura
das comemorações dos 600 anos da «descoberta» do Arquipélago da Madeira, fez-se
luz e começo a sentir que não havia necessidade deste «agachamento» custoso a
todos os níveis. O texto do Professor pode ser lido AQUI.
Destaco o seguinte: «Pensando
assim, custa-me aceitar que as comemorações arranquem fora do nosso território,
longe dos madeirenses e porto-santenses.
Planeia-se
uma embaixada cultural em Lisboa. Pretendem alardear as jóias madeirenses na
capital. Que deslumbramento! Mas por que razão não hão-de ser mostradas
primeiro ao nosso povo? Ou acham que os madeirenses e porto-santenses conhecem
o seu património cultural? Neste domínio, há tanto por fazer, e essa planeada
exposição, exibida em primeiro lugar no Funchal, num sítio acessível e
devidamente publicitada, poderia ser uma excelente forma de dar a conhecer o
património artístico, arqueológico e arquivístico da RAM».
Na mesma linha de pensamento descubro hoje o
texto de Hélder Melim, que nos sacode a alma, chamando os bois pelos nomes e
alertando para o estado das coisas em que vivemos na Madeira, sob um teimoso
regime de «agachamento», eufemisticamente denominado «leitor devidamente
identificado». Ninguém deve perder este texto e juntos levantarmos um debate
sobre esta maneira de sermos que nos tem consumido o pensamento e a liberdade
de o expressar com coragem. Podem abrir o texto AQUI.
Destaco o seguinte: «Depois de 500 anos de
inquisição, 50 de fascismo, com o 25 de abril, em vez de uma efetiva liberdade,
nasceu um regime cozinhado pela igreja mais retrógrada e pelos restos dos
poderosos do regime fascista. Este regime, o jardinismo, aproveitando o caldo de
cultura resultante da inquisição e do salazarismo, manteve e aprofundou nas
pessoas o medo atávico de assumir posições, de defender direitos, de lutar
contra as injustiças. Não ser afeto e sobretudo, manifestar discordância com o
regime de Jardim, pagava-se caro».
Obrigado a ambos pelas magníficas reflexões. São alertas que vão ficar...
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