Deus e eu
“Deus e eu”, esta semana em exclusivo no Banquete com um amigo de longa data, o Donato Macedo. Obrigado pela partilha...
Deus, sempre me
foi revelado pela família desde muito cedo. Quando comecei a ter consciência
dalguma “entidade divina”, foi logo nas idas à missa, naquele ritual em que eu,
filho único e sem grandes convívios com outras crianças, me deleitava.
Nomeadamente naquelas missas dominicais cantadas, com conjunto musical
(guitarra, bateria, baixo e órgão), na capela da então denominada Escola
Salesiana de Artes e Ofícios na Rochinha. Estávamos na década de 70, tempo de
memórias difusas, ofuscadas pela névoa do tempo. Passei sempre por colégios de
inspiração católica. Primeiro na Apresentação de Maria, cuja lembrança está
mais apagada. Depois, nove anos nos “Salesianos” onde conheci grandes
“Mestres”. Seguidamente mais três anos na APEL, onde conheci o José Luís Rodrigues
– dinamizador deste blogue – nas aulas de latim, do saudoso Pe. Ângelo
Caminati. Uma grande “escola” da minha Fé foi-me concedida pelas actividades da
“pastoral juvenil” desenvolvida na década de 80, na Paróquia de Fátima, onde
após o meu percurso catequético, integrei o grupo de jovens em que, para além
das amizades daí desenvolvidas, tomei consciência dalguns dos valores práticos,
onde as nossas acções poderão se repercutir nos nossos semelhantes. À medida
que crescia, atentei mais no conceito ético, do que a narrativa evangélica
revelada pelo Criador. A exegese sempre se me afigurou tendenciosa, parcial. A
minha ideia de “Deus”, nem é necessariamente antropomórfica, mas sim uma ideia
de “BEM”, duma entidade imaterial que nos proporciona ferramentas, opções, para
que possamos ascender a um desígnio de “FELICIDADE”. Muito raramente vou à
Missa, mas quando vou, converso com “Ele”, à minha maneira, tal como O
questiono em qualquer sítio, se me der nas ganas. Há imensos desafios na Vida
em que se cobra de “Deus” o sofrimento, a dor e os percalços. Praguejei “Deus”
quando ele me tirou de repente, há tão pouco tempo, o meu Pai. Raramente Lhe
agradeço o que de BOM também me acontece, como o simples acordar ao amanhecer,
e ter o essencial disponível e assegurado, o que não acontece a tantos milhões
de seres humanos neste Mundo cada vez mais assimétrico e desigual. “Deus e Eu”
estamos assim, talvez um pouco desquitados, mas tal como acontece nas
verdadeiras amizades, não é preciso falar todos os dias, nem todas as semanas,
ou meses, para sabermos que habitamos no coração um do outro.
Donato Macedo
Sem comentários:
Enviar um comentário