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sexta-feira, 28 de julho de 2017

Os lugares da vida desiludem

1. Andam muitos desencantados ou desiludidos com a Igreja e com as igrejas, comunidades paroquiais, a família e o trabalho. Tudo normal nos tempos em que se exige tudo sem que se sinta que devemos também ter vontade de dar alguma coisa. Quem não dá nada, também tem nada. Faço deste texto, um exame de consciência, porque neste domínio também me acuso de muitas falhas. Sou o primeiro a enfiar a carapuça.

2. Facilmente se desiste da comunidade, da família e até do trabalho, porque não foram satisfeitas as vontades pessoais e as manias que se alimenta caprichosamente ao sabor do vento, então desiste-se, desapontados e frustrados, justificando com os defeitos e os erros dos outros. Os mundos idílicos não existem e não existe em nenhum lugar pessoas perfeitas, livres do erro e do defeito.

3. Por isso, muitos esquecem que ninguém é uma ilha e que desistir é afastar-se dos outros, não havendo mais a possibilidades de crescer e construir juntos. Não seria mais bonito enfrentar com coragem os problemas e as dificuldades que sempre surgem na família, no trabalho e na comunidade? Não seria mais bonito dar o meu contributo a todos os níveis para que as coisas melhorassem não só para mim mas para todos? Não seria mais bonito ter vontade de trabalhar pelo bem comum ao invés de assumir a minha má vontade, o meu não querer, só porque não era como eu queria, ao meu jeito, com justificações pobres e fracas de inteligência? – Porque ninguém é uma ilha, desistir, é desistir do outro e isso não é evangélico nem muito menos cristão e humano.

4. Uma igreja, uma família e um lugar de trabalho não podem ser julgados pelo comportamento de alguns, nem muito menos pelas atitudes de um líder. Jesus não mandou que procurássemos pessoas e lugares onde seríamos amados, mas mandou-nos amar e perdoar, inclusiva os que nos odeiam. Tarefa ingrata e difícil. Mas é assim a religião cristã, que se fosse levada a sério, provavelmente, as Igrejas poderiam, isso sim, ficar completamente vazias. Amar quem nos ama é fácil, mas amar nas dificuldades é o milagre/desafio que Deus nos pede.

5. Se procuramos uma comunidade, uma família e um trabalho, somente para nos sentirmos bem o tempo todo, estamos na verdade atrás de um «produto», como procuramos produtos no supermercado. Assim, a nossa atitude na família, no trabalho e na igreja, será de forma comercial, ligados pelo interesse pessoal. A família, o lugar do trabalho e da igreja não são lugares neutros. São lugares que implicam amor e o amor não se reduz à satisfação pessoal, mas sim participar na promoção do bem para todos os que estão ali presentes e extensivo aos outros que ainda não estão.

6. Estes tais ambientes (comunidade religiosa, família e trabalho) onde estamos requerem uma constante análise, obviamente. Não podemos ser acríticos, cegos, surdos e mudos. Mas, nunca podemos esquecer que fazemos parte de um corpo e que não podem ser os defeitos e os erros de alguns, que nos vão demover ou abandonar o barco assim logo à primeira, sem que se tente ao máximo contribuir para melhorar o ambiente. É este o desafio principal para quem acredita, mas para todos, basta que tenham consciência que nada se consegue sem boa vontade, o querer trabalhar e o sonhar com um mundo mais sorridente para todos.

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