1. Ponto prévio. Tenho muito respeito
por todas as pessoas. Não olho às qualificações das pessoas para as cumprimentar e
para corresponder aos seus pedidos não olho a condições, se estiver ao meu alcance.
Neste sentido, respeito e considero todas as pessoas que sobem o alto das
montanhas para passar frio em pleno verão e assistir à festa do PPD da Madeira
ou de outro partido qualquer.
2. No entanto, não me parece decente
ainda existirem partidos políticos que se prestam a todo o género de jogadas
com os mais vulneráveis, arrastando-os para algum sítio, mesmo que seja para uma
festa, para engrossarem os números de presenças e satisfazerem o ego da
organização que conseguiu mobilizar alguns milhares, porque ainda não perdeu a
capacidade de mobilização. Uma boa porção dos sem abrigo do Funchal na semana
passada andaram numa azáfama inabitual porque conseguiram de borla os bilhetes
de acesso ao monte Sinai da Madeira,
vulgo, Chão da Lagoa. As várias reportagens deram-nos conta de alguns que andam
a ser alimentados pela caridade, porque se não fosse assim provavelmente
morreriam de fome, mas lá estavam a dar vivas e louvando os «nossos» poderosos. Ai como eles se sentem bem, nestas migalhas de glória...
3. Vamos ao que devia ser o mais importante, a mensagem. Os discursos são uma dor de
alma. Não devíamos sequer estar aqui a falar neles, porque mesmo não querendo acabamos
por dar valor ao que pouco valor tem. Os protagonistas destes acontecimentos
são os primeiros a desvalorizarem o evento, não dizem uma de jeito, não há uma
ideia, um projeto para ser falado e apresentado ao povo, a este povo que vive
da mingua e de sobras. Por isso, fala-se em geringonças, nos comunistas e radicais da
esquerda, juros, promessas, o novo hospital que é promessa feita cá para os de lá
cumprirem... Mas há mais bandeiras, por exemplo, o medo, muito medo, vem aí alguma coisa que não se sabe bem o que
é... Fujam... Eles andem aí... Concluímos, realmente, estamos à rasca. Nisto se vê a pouca
vergonha que esta gente tem e a nenhuma consideração por todos nós, agitam os
papões e lá vai uma porção de nós amedrontados votar neles porque precisamos de
estar protegidos. Mas anda alguém por aí a pensar que a porcaria dos discursos ainda
rende votos...
4. Face a este panorama, temos um vazio generalizado,
uma rasquice regada com poncha, maçarocas e bailinhos agachados. Uma
brincadeira geral que nos revela o quanto andamos enganados, sem ideias, sem
rumo e ao sabor do vento que passa. Por isso, trago aqui à liça uma quadra de «A
Cantiga do Zé» (1984) de Jorge Palma: «O Zé podia arranjar emprego / E matar-se
a trabalhar / Mas olha em volta e o que vê / Não o pode entusiasmar». Para igual bastava o que estava, não precisávamos de tanto alarido para mudar protagonistas.
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